Blog “Gestão e Negócios Sustentáveis”, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.
Disponível em http://gestaoenegociossustentaveis.blogspot.com
Autoria:
Por: Fae Business School. Curitiba. Associação Franciscana de
Ensino Senhor Bom Jesus, 2002. 64p. (Coleção gestão empresarial, 1)
ECONOMIA EMPRESARIAL
APRESENTAÇÃO
A FAE Business School, com a colaboração espontânea de 48
professores, produziu, em parceria com a Editora Gazeta do Povo, a Coleção
Gestão Empresarial. Composta por cinco volumes, ela será distribuída aos
leitores do jornal Gazeta do Povo. Cada volume aborda um tema fundamental
dentro da gestão dos negócios. São eles: Economia, Gestão (em seus fundamentos
mais amplos), Marketing, Finanças e Capital Humano.
Este primeiro volume - Economia Empresarial, que contou com a
colaboração do professor Igor Zanoni Constant Carneiro Leão, mostra o quanto o
conhecimento econômico do ambiente dos negócios é essencial para o sucesso da
empresa. Nele, o leitor encontrará os fundamentos de análise de mercado,
levando-se em consideração o ambiente de crescente competição no mercado
brasileiro, em especial nos últimos anos; a intervenção do governo nos mercados
por meio das políticas econômicas; os principais indicadores econômicos da
economia brasileira e noções de negócios internacionais.
O segundo volume aborda os fundamentos de Gestão Empresarial,
evidenciando que a gestão de negócios sustentáveis deve incorporar compromissos
socioambientais. Os capítulos deste livro incluem os indicadores de desempenho
como modelos gerenciais, as estratégias das empresa, o planejamento estratégico
e os vários aspectos da logística, da qualidade e do meio ambiente.
Gerar valor, atrair e manter clientes satisfeitos. Este é o foco
do Marketing, tema do terceiro volume. Os capítulos deste livro incluem
fundamentos de marketing, conceitos básicos, segmentação e posicionamento,
composto e plano de marketing, marketing de serviços, comunicação integrada de
marketing, estratégia de preços e webmarketing.
O quarto livro trata de Finanças Empresariais, com a principal
finalidade de maximizar rentabilidade e liquidez com menores riscos. Os
capítulos deste volume enfocam: matemática financeira, contabilidade,
administração financeira, custos, controladoria e aspectos de planejamento
tributário.
No quinto e último volume, que trata da Gestão do Capital Humano,
o foco está no desafio das organizações em lidar com pessoas. Os capítulos
tratam de vários temas inter-relacionados: comportamento organizacional,
ferramentas de gestão de pessoas, liderança, relações pessoais e ética
empresarial.
Na sociedade complexa em que vivemos somos cada vez mais
dependentes das organizações em todas as etapas de nossas vidas. Esta coleção
que ora apresentamos representa o esforço da FAE Busines School e da Editora
Gazeta do Povo para que o leitor compreenda melhor as organizações, que
procuram combinar os recursos escassos de maneira eficaz para cumprir seu
objetivo de satisfazer as necessidades econômicas e sociais. Esperamos que a
coleção propicie a todos uma agradável e profícua leitura.
SUMÁRIO
1. AMBIENTE ECONÔMICO
Christian Luiz da Silva é economista, mestre em Engenharia de
Produção, doutorando em Gestão de Negócios pela UFSC e professor da FAE
Business School. Eugenio L. Stefanelo é economista, mestre em Economia Rural
pela UFRGS, doutorando em Gestão de Negócios e professor da FAE Business
School.
2. POLÍTICAS ECONÔMICAS
Carlos Ilton Cleto é economista, mestre em Desenvolvimento Econômico
pela UFPR, doutorando em Gestão de Negócios pela UFSC e professor da FAE
Business School. Lucas Lautert Dezordi é economista, mestrando em
Desenvolvimento Econômico pela UFPR e professor da FAE Business School.
3. INDICADORES ECONÔMICOS
Gilmar Mendes Lourenço é economista, mestre em Gestão de Negócios
pela UFSC e professor da FAE Business School. MárioRomero Pelegrini de Souza é
engenheiro, mestreemDesenvolvimento Econômico pela UFPR, doutorando em Gestão
de Negócios e professor da FAE Business School.
4. ECONOMIA BRASILEIRA
Maria Anita dos Anjos, mestre em História Econômica pela UFPR,
doutoranda em Engenharia da Produção pela UFSC e professora da FAE Business
School.
Moisés Farah Jr. é economista, mestre em Inovação Tecnológica pelo
CEFET, doutorando em Gestão de Negócios e professor da FAE Business School.
5. NEGÓCIOS INTERNACIONAIS
Artur Nappo Dalla Libera é economista, mestre em Engenharia de
Produção, doutorando em Gestão de Negócios pela UFSC e professor da FAE Business
School.
Eliana Beatriz Donoso Velasco é economista, mestre em Inovação
Tecnológica pelo CEFET, doutoranda em Gestão de Negócios pela UFSC e professora
da FAE Business School.
INTRODUÇÃO
O objetivo deste primeiro capítulo é apresentar conceitos básicos
sobre mercado (oferta e demanda) e a formação de preços em mercados
competitivos, pouco competitivos e não competitivos. Esta apresentação básica
se justifica pela própria importância da economia para o quotidiano das
pessoas. Muitas se utilizam de conceitos econômicos mas não os conhecem. Se
esses conceitos fossem conhecidos e bem interpretados, poderiam ajudar na
sobrevivência das empresas e, em última instância, dos cidadãos.
Um estudo realizado pelo IBQP (Instituto Brasileiro de Qualidade e
Produtividade) analisou a taxa de atividade empreendedora, que mensura a
capacidade de criar novas empresas, em 29 países e colocou o Brasil em quinto
lugar. Esta posição significa que o grau de empreendedorismo, ou a capacidade
de empreender, no Brasil, no segundo trimestre de 2001, foi deumempreendedorem
cada sete habitantes, enquanto que a média nos demais países pesquisados ficou
um pouco acima de um em cada seis habitantes. Outro fato relevante da pesquisa
foi verificar que 40% dos brasileiros ouvidos se diziam empreendedores por
necessidade. Isto coloca a massa do empreendedorismo vinculada à sobrevivência
e à crença de que o negócio quase sempre dará certo; fato que eliminaria o
problema que aflige a tantos brasileiros: a falta de emprego. Porém transformar-se
de (des)empregado a empreendedor exige mais do que crenças e esperanças.
Um levantamento do BNDES realizado em 1997, ainda válido para
interpretar a realidade brasileira, mostrou que havia 1.968.276
estabelecimentos no Brasil, sendo que 1.820.023 eram microempresas. Nesse
número estava incluso o saldo de natalidade (565.671 firmas) e de mortalidade
(441.783 firmas) das firmas para aquele ano, sendo que as microempresas
representavam em torno de 97% dos nascimentos e mortes. Os dados evidenciam que
há vontade de empreender, porém não se sabe como, criando a busca por uma
solução fundamentada na esperança de .dar a tacada certa..
A economia, no entanto. não é um jogo irracional onde esperanças e
crenças por si só garantem a vitória, ou melhor, a sobrevivência. Se for
realizada uma rápida pesquisa, constatar-se-á facilmente que cada um conhece
iniciativas erradas ou já teve experiências desastrosas sobre um novo negócio,
bem como iniciativas e casos de sucesso. A questão é o que fazer, quando,
apesar da cruel realidade, precisa-se e deseja-se sobreviver e crescer? Não há
uma regra, como uma receita de bolo.No entanto, os princípios econômicos podem
ajudar bastante nessa tarefa. Pode-se utilizar tais princípios para tratar de
duas questões fundamentais que estão vinculadas ao sucesso dos negócios:
conhecimento e empreendedorismo. Ser empreendedor é executar uma idéia, e para
isso precisa-se, também, do que se denomina popularmente de .tino comercial..
Mas esta idéia precisa estar fundamentada em conhecimentos e é justamente nesse
tópico que este artigo se concentra.
Assim, para alcançar o objetivo proposto por este capítulo e
elucidar conceitos importantes para sobrevivência e crescimento das firmas,
serão discutidas aqui questões sobre a demanda, a oferta e os mecanismos de
formação de preço. Na segunda seção discutem-se a demanda, seu conceito e
fatores determinantes. Na terceira seção define-se oferta e seus fatores
determinantes. A quarta seção analisa a formação de preços em diferentes tipos
de mercado. Por fim, apresentam-se algumas considerações finais.
1.
AMBIENTE ECONÔMICO
1 Demanda: definição e fatores determinantes
As pessoas procuram bens e serviços para satisfazerem suas
necessidades. A demanda de mercado de um bem ou serviço nos informa a
quantidade que os consumidores participantes daquele mercado desejam comprar a
cada preço unitário que tenham de pagar, num determinado período de tempo, dado
um determinado cenário. Além do preço que amplia ou reduz a própria demanda,
este cenário é representado por diversas outras variáveis como o número dos
consumidores, suas rendas e grau de distribuição, seus gostos e preferências, o
marketing, a sazonalidade conforme as épocas do ano e datas específicas, os
preços dos demais produtos substitutos ou complementares, entre outras. Assim,
o preço do produto estabelece a quantidade demandada e as demais variáveis
determinam o nível da demanda em si, aumentando-a ou diminuindo-a.
Para a quase totalidade dos produtos, a quantidade demandada
aumenta à medida que os preços diminuem e vice-versa. Esta relação inversa
entre preço e quantidade demandada se explica pelas seguintes razões:
· com a queda dos preços, o
poder de compra ou a renda real aumenta, mesmo com a renda mensal das pessoas
permanecendo inalterada (efeito renda);
· há uma tendência dos
consumidores substituírem os bens mais caros, cujos preços aumentaram, por
outros mais baratos e que satisfazem as mesmas necessidades (efeito substituição);
· a preços menores, novos
consumidores passam a ter condições de adquirir o produto e novos usos podem
ser encontrados para o produto (efeito novos compradores e novos usos);
· à medida que as pessoas vão
adquirindo maiores quantidades de uma mercadoria, os acréscimos de satisfação
tendem a ser cada vez menores, induzindo ao pagamento de preços também menores
(efeito utilidade marginal decrescente).
1.1 Elasticidades da Demanda
Entre as variáveis que afetam a quantidade demandada (Q) de um
produto destacam-se o preço do produto (P), a renda dos consumidores (R) e os
preços dos demais bens substitutos (Ps) e complementares (Pc). Para medir qual
a variação na quantidade demandada decorrente da variação em qualquer uma
destas variáveis, usa-se o conceito de elasticidade.
Embora pareçaumpalavrão é importante que consumidores, empresas e
governo, ao adotarem uma política em relação ao mercado, tenham antes uma noção
da elasticidade, para não colherem resultados desastrosos e inversos aos inicialmente
planejados.
A primeira é a elasticidade preço da procura (EPP), que mede a
variação percentual da quantidade demandada decorrente da variação percentual
no preço do produto. Por exemplo, se com o aumento de 20% no preço de mercado,
de R$ 10,00 para R$ 12,00 à unidade, a quantidade demandada reduziu 10%, de 500
para 450 unidades, a EPP é -0,5, ou seja 10%/20%, e o sinal menos (-) indica
que a quantidade demandada varia no sentido inverso do preço.
Nesse caso, o produto apresenta demanda inelástica a preço, ou a
quantidade demandada é menos sensível ao preço, porque a quantidade demandada
varia numa proporção menor do que o preço. Enquadram-se nessa categoria os bens
essenciais, os produtos diferenciados e com pouca disponibilidade de
substitutos, os bens com poucos usos alternativos, os bens muito baratos, com o
preço representando muito pouco da renda do consumidor (sal, caixa de fósforos)
e a demanda a curto prazo, quando as pessoas têm pouco tempo para conhecerem e
se ajustarem às alternativas existentes.
Os produtos podem apresentar demanda elástica a preço quando a
quantidade demandada varia numa proporção maior do que o preço. É o caso da
maioria dos produtos industrializados com boa disponibilidade de substitutos,
dos bens supérfluos, dos produtos com muitos usos alternativos, dos bens com
alto preço e que absorvem uma grande parcela da renda do consumidor, como
automóveis e televisores, e da demanda no longo prazo.
É importante ressaltar que existe uma relação direta entre a
receita das empresas (preço x quantidade vendida), a despesa dos consumidores
(preço x quantidade comprada) e a elasticidade preço da procura. Se o produto
tem demanda elástica a preço (se a quantidade demandada for sensível ao preço),
uma pequena redução do preço gera um grande aumento da quantidade demandada e,
como conseqüência, da receita da empresa e do gasto do consumidor. Se a demanda
for inelástica (se a quantidade demandada for menos sensível ao preço), um
significativo aumento do preço gera uma pequena redução da quantidade
demandada, elevando também a receita da empresa e o gasto do consumidor.
A elasticidade renda da procura (ERP) relaciona a variação na
quantidade demandada decorrente da variação na renda das pessoas. Se um aumento
na renda (por exemplo 5%) provocar um aumento maior na quantidade demandada
(exemplo 10%), o bem é superior e aERP=2, ou seja, o aumento de 1% na renda
gera um aumento de2% na quantidade demandada. Se for menor (exemplo ERP =
0,5%), é normal, e se a quantidade demandada reduzir, obemé chamado de
inferior.
Neste último caso, quem mais compra o bem são as classes de menor
renda. A elasticidade cruzada da procura evidencia o quanto a quantidade
demandada de um bem varia se ocorrer uma variação no preço de outro produto
relacionado, substituto ou complementar. Se o aumento do preço de um produto
(por exemplo o café) determinar o aumento da demanda do outro (por exemplo o
chá), estes bens são substitutos, e se a demanda do outro reduzir (por exemplo
o açúcar para adoçar o café), são complementares. A aplicação destas duas
últimas elasticidades é efetuada no próximo item.
1.2 Fatores deslocadores da demanda
Além do preço que afeta a quantidade demandada, muitos outros fatores
ampliam ou reduzem a demanda, como anteriormente alguns já foram citados.
Agora, estes fatores são discutidos mais detalhadamente.
A demografia estuda a população, onde ela vive e como vive. Os 173
milhões de brasileiros apresentam uma taxa de crescimento de 1,3% ao ano e
igual expansão média da demanda. A urbanização vem crescendo continuamente,
atingindo 81,5% do total da população, ampliando também a demanda por bens e
serviços. O aumento do nível de educação amplia as necessidades e conseqüentemente
a demanda por maior variedade de bens e serviços, de melhor qualidade, e
produtos com maior valor agregado. Da mesma forma, as pessoas de meia idade
consomem mais, em média, do que as crianças e idosos, com exceções como leite e
remédios.
Com relação à renda e sua distribuição, no Brasil elas são baixas
(R$6.860,00 ao ano) e mal distribuídas, fatores que reduzem o potencial da
demanda. De forma geral, os alimentos in natura são bens normais e tem ERP
entre 0,1 a 0,3 (1% de aumento na renda provoca um acréscimo de 0,3% no
consumo). Já, os alimentos processados, carnes e derivados de leite mais
nobres, frutas e verduras selecionadas, roupas, automóveis, eletrodomésticos,
entre outros bens, são considerados como bens superiores.
A abertura da economia brasileira às importações e a globalização
da produção, do comércio e das finanças, ocorridas a partir dos anos de 1990,
aumentaram o grau de competitividade interno e a disponibilidade de bens e
serviços substitutos, diminuindo o poder de mercado das empresas sobre os
preços, ou tornando a demanda mais elástica a preços. Muitas empresas que não
se ajustaram a essa situação, diminuindo seus preços, experimentaram uma
redução da demanda interna.
O marketing de sucesso provoca dois efeitos sobre a demanda.
Primeiro, traz maior número de consumidores para o produto e amplia suas
quantidades demandadas, deslocando a demanda para a direita, ou seja, aos
mesmos preços, os consumidores passam a consumir mais. Segundo, torna o
consumidor mais fiel àquela marca, tornando a demanda mais inelástica ou menos
elástica e conferindo à empresa maior poder sobre os preços.
A exportação amplia a demanda internacional sobre os produtos das
empresas e pode se constituir em alternativa a uma redução da demanda interna,
provocada por mudanças na política econômica ou nas variáveis aqui descritas. A
sazonalidade implica maior demanda em determinadas épocas do ano e menor em
outras, obrigando as empresas a adotarem processos adequados de logística de
estocagem e distribuição dos produtos.
Conhecer o consumidor, estar atento a todos os fatores que
determinam a demanda de um produto ou serviço e ter rápida capacidade de
adequação e resposta evidenciam a dificuldade em se atender à soberania do
consumidor e encantá-lo. Outros fatores influenciam a demanda, como mudanças
nos gostos e preferências, a disponibilidade da mercadoria, sua qualidade e
variedade, os prazos de entrega, a expectativa de variação dos preços no
futuro, a moda, a região geográfica do consumidor e o clima, o sexo, a idade, a
ocupação, a religião, a origem étnica e a política macroeconômica. Estar atento
a todas essas situações e ter rápida capacidade de adequação e resposta
evidenciam a dificuldade em se atender à soberania do consumidor e encantá-lo.
2. POLÍTICAS ECONÔMICAS
2 Oferta: definição e fatores determinantes
A oferta está relacionada ao custo de produção e este à tecnologia
de produção e aos preços dos fatores empregados na produção.Amais longo prazo,
relaciona-se às economias e deseconomias de escala. Evidencia, portanto, o
comportamento dos produtores em suas decisões do que, quanto e como produzir.
A tecnologia é uma relação entre o produto obtido e os fatores
produtivo empregados. Já,umaevolução tecnológica significaumaumento de
produtividade e, conseqüentemente, uma redução do custo unitário de produção (o
custo médio). Os preços de compra dos fatores guardam uma relação direta com o
custo de produção, mostrando a significativa importância de uma adequada
logística de suprimento desses fatores.
O custo de produção é soma do custo dos fatores fixos (custo fixo
. que não varia com a produção) e dos fatores variáveis (custo variável . que
aumenta com o aumento da produção). Também pode ser considerado a soma do custo
das matérias-primas e mão-de-obra direta (custos diretos) e dos custos
indiretos de fabricação, que exigemumcritério de rateio para serem atribuídos
ao produto.
O custo por unidade produzida do bem (custo médio) obtém-se pela
divisão do custo total pela quantidade produzida do bem; e o quanto custa a
produção de mais uma unidade do produto denomina-se custo marginal. Quando as
empresas, ao ampliarem o seu tamanho ou a sua escala de produção, conseguem um
aumento da produção maior do que o do custo de produção (exemplo o custo
aumenta 30% com o aumento de 50% na escala de produção), elas apresentam
economias de escala. Nesse caso, devem buscar a ampliação da escala de
produção, porque o custo médio se reduz, tornando-as mais competitivas. As
deseconomias de escala significam o oposto.
A oferta de mercado mostra o quanto de produto todas as empresas,
participantes daquele mercado, estão dispostas a produzir e vender a cada nível
de preço, num certo período de tempo, dentro de um determinado cenário estável.
Esse cenário é composto por outras variáveis que aumentam ou reduzem a oferta
(essas serão abordadas mais adiante). Existe uma relação direta entre preço e
quantidade ofertada, porque o aumento do preço estimula outras empresas a
entrarem no mercado, e as existentes tendem a ampliar a produção em função da
maior perspectiva de lucro.
2.1 Elasticidade da oferta
A elasticidade preço-oferta corresponde à variação percentual da
quantidade ofertada decorrente de uma variação percentual do preço de venda do
bem (sensibilidade da quantidade ofertada ao preço de venda do produto). A
oferta é elástica a preço se um pequeno aumento do preço provocar um
significativo aumento na quantidade ofertada, evidenciando que o aumento da
produção se faz com pequeno acréscimo de custo. No caso oposto, a oferta é
inelástica a preço.
Com a abertura do mercado brasileiro às importações, a
globalização e a evolução da tecnologia gerando incrementos da produtividade, a
oferta dos bens e serviços tende a se tornar mais elástica a preço,
beneficiando os consumidores. Quando a produção é sazonal (ocorre em épocas
definidas), como os produtos agropecuários, ou quando a empresa está operando a
plena capacidade, a oferta pode não aumentar, no curto prazo, com a elevação do
preço de mercado do produto. Essa situação caracteriza uma oferta perfeitamente
inelástica a preço.
2.2 Fatores deslocadores da oferta
Além do preço, que determina a quantidade ofertada, outros fatores
ampliam ou reduzem a própria oferta, como os preços dos insumos (custo de
produção), a tecnologia, o número de produtores participantes do mercado, as
expectativas futuras do mercado, os preços de outros produtos que podem ser
produzidos com os mesmos recursos, a política econômica e o clima.
A queda dos preços dos insumos reduz o custo de produção e provoca
uma expansão da oferta do produto, aos mesmos preços vigentes no mercado. A
evolução tecnológica gera um aumento da produtividade (maior produção com os
mesmos recursos), reduzindo o custo por unidade produzida do bem (custo médio)
e melhorando a competitividade do produto no mercado.
Nessa situação a oferta do produto fica mais elástica a preço,
indicando que para determinar a oferta de um produto ou serviço, deve-se
considerar os custos de produção, a tecnologia, o número de produtores
participantes no mercado, as expectativas futuras do mercado, a política
econômica e o clima para aumentar a produção ocorrem pequenos incrementos de
custo e, conseqüentemente, sem a necessidade de grandes aumentos nos preços de
mercado do produto.
Também contribuem para o aumento da oferta a ampliação do número
de produtores, as expectativas futuras favoráveis em termos de preço ou de
expansão do mercado, a redução dos preços dos produtos competidores pelos
mesmos recursos, a política econômica favorável à produção, como taxa de juros
baixa, crédito amplo, aumento da taxa de câmbio, redução da carga tributária
sobre a cadeia produtiva, concessão de subsídios governamentais, proteção do
mercado interno contra a concorrência predatória desleal, e o clima favorável .
no caso do agronegócio.
3. INDICADORES ECONÕMICOS
3 Análise de mercado: a interação de oferta e demanda
O mercado é formado pela interação entre compradores e vendedores
ou pelas forças de oferta e demanda, que determinam preços e trocas,
normalmente de bens e serviços por dinheiro. Para caracterizar a amplitude de
um mercado é necessário especificar a área geográfica onde se localizam os
compradores e vendedores, o produto e o período de tempo, como por exemplo o
mercado paranaense (brasileiro ou mundial) de trigo em julho de 2002. Três
pressupostos fundamentam a análise do mercado:
· livre funcionamento do
mercado, ou a ausência de restrições externas como as intervenções
governamentais;
· a maximização do lucro pelos
produtores, embora possam perseguir outros objetivos a curto prazo como a
participação no mercado (market share);
· a racionalidade dos
consumidores, ao maximizarem sua satisfação pela alocação de suas rendas nos
diversos bens, com preços e qualidades diferentes.
3.1 Formação de preços nos mercados competitivos ou de
concorrência pura
Essa estrutura de mercado apresenta as seguintes características:
· produto homogêneo, ou o
produto de um produtor é igual ao dos demais (commodities);
· grande número de compradores
e vendedores, de tal maneira que nenhum deles, sozinho, consegue influenciar o
preço de mercado (sem poder de mercado);
· ausência de barreiras à
entrada de novas empresas no mercado;
· ausência de restrições à
oferta, à demanda e aos preços, ou seja o preço de mercado é o resultado das
forças de oferta e demanda.
Os produtores agropecuários na venda de suas mercadorias, as
feiras livres e o comércio ambulante são exemplos desta estrutura de mercado. O
preço de mercado de um produto corresponde a um leilão entre as necessidades
dos compradores e a disponibilidade de produto pelos vendedores, ou pela
interação da demanda e oferta de mercado daquele produto. Preços superiores ao
de mercado geram um excesso de oferta (excedente) e preços inferiores ao de
mercado provocam um excesso de demanda (escassez).
Cada produtor, isoladamente, deve aumentar a produção se o
acréscimo de receita com a venda de uma unidade do produto (que é igual ao
preço de venda) for maior do que o acréscimo de custo para produzi-lo, e
reduzi-la em caso oposto.
O lucro total corresponde à diferença entre a receita total (preço
x quantidade vendida) e o custo total, e o lucro por unidade de produto, à
diferença entre o preço de venda do produto e o custo médio. Como o produtor,
isoladamente, não consegue influenciar o preço de venda do produto, é um
tomador do preço de mercado, suas únicas alternativas para aumentar o lucro são
a redução do custo, pela evolução tecnológica ou pelo barateamento da compra
dos insumos, e o aumento da quantidade produzida. Quem não reduzir custos
tenderá a cair fora do mercado.
Quando a oferta ou a demanda de mercado se alteram, devido a
mudanças nas variáveis que as deslocam, anteriormente estudadas, os preços de
mercado também variam. Aumento da oferta e redução da demanda provocam
movimento de baixa nos preços de mercado; e redução da oferta e aumento na
demanda, o oposto. Se a oferta aumenta mais do que a demanda, o preço de
mercado baixa e cada produtor tende a produzir menos. Se a demanda aumenta mais
do que a oferta, o preço de mercado sobe e cada produtor tende a produzir mais.
Foi comentado que a globalização e a abertura do mercado tornam a
demanda e a oferta mais elásticas a preço. Quando isto ocorre, deslocamentos na
oferta e demanda provocam menores variações nos preços (os preços são mais
estáveis) do que se a oferta e demanda forem inelásticas a preço. É o que
ocorreu na economia brasileira, no caso dos alimentos, após o Plano Real.
3.2 Formação dos preços nos mercados pouco competitivos
(oligopólios) ou não competitivos (monopólios)
Essas estruturas de mercado têm como características, no
oligopólio, a presença de poucas empresas interdependentes (a ação de uma no
mercado provoca reação das demais) e, no monopólio, a presença de apenas uma
empresa ofertando o bem ou serviço.Em ambas, existem significativas barreiras à
entrada de novos competidores, e uma empresa isoladamente tem condições de
modificar o preço de mercado do que vende (poder de mercado).
O preço de mercado depende, basicamente, de três condições: da
posição e forma da demanda, do custo de produção e da interação entre as
empresas que atuam no mercado.
a) Posição da demanda: se a demanda aumenta (se desloca para a
direita), a empresa tem condições de aumentar o preço de venda do produto. Se a
demanda fica menor, ou a empresa mantém o preço ou o reduz.
b) Forma da demanda: quanto mais elástica a preço (menos
inclinada) for a demanda com que a empresa se defronta, menor será o seu poder
sobre o preço de mercado; e, quanto menos elástica (mais inelástica), maior
será o poder de mercado da empresa.
c) Custo de produção: quando ocorre aumento no custo de produção,
as empresas tendem a repassá-lo para os preços de venda dos produtos. O poder
de repasse depende do grau de liderança da empresa no mercado, da concorrência
com as demais e da posição e forma da demanda com que a mesma se defronta. Se a
empresa consegue uma redução no custo de produção, ou mantém o preço de venda e
amplia sua margem de lucro ou reduz o preço para buscar um aumento de sua
participação no mercado (market share).
d) Interação com as demais empresas: as empresas tendem a evitar a
competição aberta, via preços, ou as guerras de preços, porque sabem como
começam, mas não sabem como terminam, além de reduzirem a lucratividade. Ao
contrário, buscam praticar uma política de estabilidade de preços e até podem
chegar a acordos informais ou formais sobre preços e produção, que reduzem a
competição e ampliam a lucratividade. Se uma empresa eleva seu preço e as
demais não a acompanham na alta, ela perde uma parcela de sua demanda. Se
baixar seu preço para ganhar consumidores, as demais são obrigadas a
acompanhá-la na baixa para não perderem mercado e todas podem perder
lucratividade. Assim, as empresas tendem a praticar uma política estável de
preços, implicitamente aceita por todas, e competir em outros aspectos do
marketing, pela diferenciação de produtos e serviços e pela diversificação.
No entanto, as empresas podem efetuar acordos informais ou formais
entre si. Esses últimos são ilegais à luz da lei anti-truste, devendo ser
combatidos pelo governo. Exemplos de acordos informais são a liderança de
preços exercida por empresa com maior volume de produção (Souza Cruz, Nestlé)
ou com menor estrutura de custo e a sinalização da política de preços a ser
adotada via imprensa.
São exemplos de acordos formais a divisão do mercado em áreas
definidas e cada empresa exercendo sua ação em uma área; e os acordos formais
de preços ou de produção, prática denominada truste . quando envolve empresas
nacionais ou cartel . quando abrange empresas de diferentes países.
3.2.1 Relação preço, custo e lucro
O exposto acima evidencia uma relação estreita entre estas três
variáveis (preço, custo e lucro). Numa economia fechada e com baixa
competitividade como a brasileira, até meados dos anos de 1990, o produtor
formador de preços acrescentava ao custo de produção (normalmente alto, devido
ao custo Brasil e ao baixo nível tecnológico) uma margem de lucro e chegava ao
preço de mercado: custo médio + margem de lucro = preço de mercado do produto.
Com a abertura da economia e o aumento da competição, os
produtores estão ficando menos formadores do preço e mais tomadores do preço de
mercado. Assim, a partir do preço que os consumidores estão dispostos a pagar,
o produtor desconta seu custo e a sobra é o lucro: lucro = preço de mercado,
custo médio.
Num ambiente onde o planejamento estratégico é vital, dados o
preço de mercado que os consumidores estão dispostos a pagar e a margem de
lucro pretendida pelo empresário, este deve buscar atingir um custo-meta (ou
custo médio) de produção que viabilize estes objetivos, tornando a equação:
custo meta é igual ao preço de mercado menos o lucro.
Uma prática que as empresas adotam, para captar um parcela do
poder aquisitivo diferente dos consumidores e aumentar suas receitas, é a
discriminação de preços, que consiste na pratica de preços diferentes na venda
de uma mesma mercadoria. São exemplos a cobrança de preços diferentes.
Conhecer a sua empresa, o mercado e definir uma estratégia são
questões fundamentais para todas as empresas. São questões tratadas há mais de
dois séculos pelo pensamento econômico, porém pouco utilizadas na prática, o
que resulta na alta taxa de mortalidade das firmas conforme a classe de renda
do consumidor; a redução do preço quando o consumidor adquire maior quantidade
da mercadoria; a cobrança de preços diferentes para consumidores com demandas
diferentes, como a energia elétrica nas residências e indústrias, tarifas
aéreas regulares e especiais, preços em períodos de temporada e fora da
temporada, preços de pico quando a demanda atinge picos, como as tarifas de
telefone, além da venda de um grupo de produtos em pacote.
Considerações finais
Neste capítulo foram traçadas algumas idéias para que o
empreendedor seja aquele que realmente executa, porém a partir de um plano ou
de algo para executar. Hoje muitos decidem fazer um empreendimento baseados em
crenças e esperanças, que podem ajudar mas não resolvem o problema do
crescimento e sobrevivência de uma empresa em um ambiente tão competitivo como
o atual, marcado pela alta taxa de mortalidade das firmas. Conhecer a sua
empresa (custos, preços e valor do produto), o mercado (oferta e demanda) e definir
uma estratégia (saber aonde quer chegar e como pretende fazê-lo) são questões
fundamentais para micro, pequenas e grandes firmas. São questões tratadas há
mais de dois séculos pelo pensamento econômico, porém pouco utilizadas na
prática. Quando os empreendedores brasileiros utilizarem mais as suas
capacitações e explorarem os conhecimentos possíveis de se adquirir, o Brasil
desfrutará de ganhos potencializados pelo espírito empreendedor, tendendo a
reduzir a mortalidade das micro e pequenas empresas.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia empresarial. Curitiba: Ed. Do
Autor, 2002.
WESSELS,Walter. Microeconomia: teoria e aplicações. São Paulo:
Saraiva, 2002.
PINDICK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 5.ed. São
Paulo: Prentice Hall, 2002.
RESUMO
O objetivo do presente capítulo foi mostrar a importância para as
empresas de conhecerem seus mercados e para isso foram apresentados conceitos
sobre mercado (demanda e oferta) e formação de preços. As empresas precisam
conhecer melhor seus mercados para poder elaborar estratégias que as mantenham
vivas e que possibilite o seu crescimento. Para isso, a empresa deve analisar a
demanda (consumidores) do seu produto e os fatores que a determinam. Muitos
fatores afetam a formação da demanda.
No entanto, se a empresa estiver atenta para eles e capacidade de
adaptação às alterações dos mesmos, terá maiores condições de crescer. Além
disso, a empresa deve analisar a oferta (ela e seus concorrentes). Deve
analisar os custos, a tecnologia utilizada, avaliar quem são os concorrentes,
as expectativas para o mercado, o comportamento dos mercados de bens
complementares e substitutos e a influência da política econômica no mercado,
além de outros fatores que sejam pertinentes àquele mercado. A análise da
demanda e da oferta permitem que a empresa e o empreendedor compreendam melhor
o seu mercado e se utilizem do pensamento econômico para definir racionalmente
suas estratégias.
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