Blog “Gestão e Negócios Sustentáveis”, de autoria de
Superdotado Álaze Gabriel.
Disponível em http://gestaoenegociossustentaveis.blogspot.com
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – DEFINIÇÃO E PRATICIDADE
A Tecnologia da Informação, no seu sentido mais
amplo (incluindo os sistemas de informação, o uso de hardware e software,
telecomunicações, automação, recursos multimídia, utilizados pelas organizações
para fornecer dados, informações e conhecimento) tem tido papel cada vez mais
importante no mundo globalizado, de mudanças constantes e pouca
previsibilidade.
A Tecnologia da Informação tem sido reconhecida
como arma estratégica competitiva, pois além de permitir e sustentar as
operações do negócio viabiliza novas estratégias empresariais. Apesar disto,
não é difícil encontrar departamentos de TI desconectados à realidade dos
negócios da empresa. Este cenário tem levado a distorções que custam caro ás
empresas e aos profissionais da Tecnologia da Informação. As corporações deixam
de ter retorno adequado ao potencial do TI e em muitos casos tem prejuízos
diretos causados por grandes investimentos infundados e que não trazem retorno.
Os profissionais da Tecnologia acabam desprestigiados e se vêem sem incentivos
preconizando o ciclo vicioso presente nas corporações onde o TI, na visão dos
altos executivos, "não funciona".
Cabe ao profissional gestor da TI o papel de
assegurar o adequado posicionamento frente às necessidades e estratégias
da empresa. O uso de ferramentas simples como o "Grid Estratégico" e
o "Modelo de Alinhamento Estratégico" descritos resumidamente abaixo
são de extrema importância e decisivos para garantir a eficácia da TI na corporação.
Aqui vale uma pausa para descrever a diferença
entre eficiência e eficácia. De maneira geral, eficiência
significa fazer bem as coisas, enquanto que eficácia significa fazer as
coisas certas. A eficiência está associada ao uso dos recursos, enquanto
a eficácia está associada com a satisfação de metas, objetivos e
requisitos.
Deve-se ainda considerar o posicionamento no Grid
Estratégico e a Perspectiva de Alinhamento Estratégico quando da escolha dos
projetos e investimentos da TI. Por exemplo, se o TI da sua empresa tem
perspectiva de Alinhamento Estratégico definida como "Nivel de
Serviço" não faz sentido investir em tecnologias não maduras (trataremos
do ciclo de vida das tecnologias em outro artigo). Já para empresas enquadradas
no Alinhamento Estratégico como "Execução de Estratégia", a vanguarda
da tecnologia (mesmo que incertas quanto aos resultados) passa a ser questão de
competitividade, veja os exemplos das operadoras móveis que constantemente
investem em novas tecnologias: mal lançaram o 3G e já estão falando no 4G).
Quantos de nós, profissionais da Tecnologia da
Informação, vimos (ou foi responsável por) decisões aparentemente acertadas
serem tomadas resultando em problemas sérios no médio e longo prazos? O exemplo
clássico é o de desenvolver sistemas usando recursos próprios por considerar
apenas os custos no curto prazo e que resulta num tremendo problema quando o
único analista que havia trabalhado no projeto sai levando todo o conhecimento
consigo. Isso acontece sempre que a perspectiva de alinhamento estratégico não
é considerada.
Para finalizar podemos tomar casos como o Google,
Submarinos ou a GOL que ao alinharem as estratégias de TI e de Negócio tiveram
êxito incontestável mostrando que o planejamento e posicionamento adequado é o
mais importante para atingirmos o objetivo, ou seja, sermos eficazes.
Faço minhas as palavras de Porter
para definir o amplo papel da Tecnologia da Informação:
".. os gerentes tem que
conceber a tecnologia da informação em sua forma mais ampla, para abranger
todas as informações que são criadas e utilizadas pelos negócios, assim como o
grande espectro de tecnologias cada vez mais convergentes e interligadas, que
processam estas informações. Além de computadores, portanto, equipamentos de
reconhecimento de dados, tecnologias de comunicações, automação industrial e
outros hardwares e serviços estão envolvidos." (Porter& Millar)
GRID ESTRATÉGICO
Este modelo (MCFARLAN - 1984) analisa o impacto de
aplicações de TI presentes e futuras no negócio, definindo quatro
"quadrantes", cada um representando uma situação na empresa.
"Suporte": a TI tem pequena influência
nas estratégias atual e futura da empresa. Não há necessidade de posicionamento
de destaque da área de TI na hierarquia da empresa. Usualmente é o que acontece
em uma manufatura tradicional.
"Fábrica": as aplicações de TI existentes
contribuem decisivamente para o sucesso da empresa, mas não estão previstas
novas aplicações que tenham impacto estratégico. A área de TI deve estar
posicionada em alto nível hierárquico.
"Transição": a TI passa de uma situação
mais discreta (quadrante "suporte") para uma de maior destaque na
estratégia da empresa. A área de TI tende para uma posição de maior importância
na hierarquia da empresa. É o que ocorre como o e-commerce que passa a ser
agente transformador do negócio.
"Estratégico": a TI tem grande influência
na estratégia geral da empresa. Tanto as aplicações atuais como as futuras são
estratégicas, afetando o negócio da empresa. Neste caso, é importante que a TI
esteja posicionada em alto nível de sua estrutura hierárquica.
GESTÃO
DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
"A
informação tecnológica pode ser a maior ferramenta dos tempos modernos, mas é o
julgamento de negócios dos humanos que a faz poderosa" Charles B. Wang
O
ambiente empresarial está mudando continuamente, tornando-se mais complexo e
menos previsível, e cada vez mais dependentes de informação e de toda a
infra-estrutura tecnológica que permite o gerenciamento de enormes quantidades
de dados. A tecnologia está gerando grandes transformações, que estão ocorrendo
a nossa volta de forma ágil e sutil. É uma variação com conseqüências
fundamentais para o mundo empresarial, causando preocupação diária aos
empresários e executivos das corporações, com o estágio do desenvolvimento
tecnológico das empresas e/ou de seus processos internos. A convergência desta
infra-estrutura tecnológica com as telecomunicações que aniquilou as
distâncias, está determinando um novo perfil de produtos e de serviços.
Segundo
Adriana Beal, "O principal benefício que a tecnologia da informação traz
para as organizações é a sua capacidade de melhorar a qualidade e a
disponibilidade de informações e conhecimentos importantes para a empresa, seus
clientes e fornecedores. Os sistemas de informação mais modernos oferecem às
empresas oportunidades sem precedentes para a melhoria dos processos internos e
dos serviços prestados ao consumidor final."
Ao
ler um estudo de caso sobre as mudanças tecnológicas ocorridas na Água de
Cheiro, me deparei com o seguinte comentário de um dos diretores: "A
tecnologia traz a necessidade de mudança cultural e passa a exigir das pessoas
a capacidade de reciclar seus conceitos e seus paradigmas. As pessoas não
precisam mais saber gerar informação, pois a sua geração é automática. Precisam
sim, saber usar a informação.
Caso
a empresa não tenha tempo nem recursos para investir em treinamento, torna-se
necessário fazer uma reciclagem de quadro. "Tenta-se mudar as pessoas,
mas, se precisar, muda-se de pessoas"."
Este
exemplo clarifica bem, como este novo cenário está afetando interesses, valores
e rotinas há muito tempo cristalizadas em pessoas, eliminando tarefas, gerando
desemprego, e exigindo aperfeiçoamento contínuo.
Na
Água de Cheiro, eles reconhecem a importância crescente da TI e da rapidez como
esta vem provocando mudanças de comportamento das sociedades. No entanto, admitem
algumas limitações ao seu uso, dado a especificidade do seu negócio.
Cabe
aqui uma consideração de Jacques Marcovith, "que quando se impõe limites à
TI sem prévio estudo, caracteriza-se uma nociva desconsideração de tendências,
onde a competição não estaria acontecendo apenas entre empresas, mas entre
padrões ou comportamentos pouco convencionais". Cabe a cada organização
encontrar uma abordagem adequada às suas necessidades específicas em gestão da
informação.
Outro
esclarecimento fundamental, é que A TI e seus computadores não possuem
"poderes mágicos" de resolver problemas de gestão, racionalizar
processos ou aumentar a produtividade. Bill Gates em seu livro: A Estrada do
Futuro, fez o seguinte comentário: "Diretores de empresas pequenas e
grandes ficarão deslumbrados com as facilidades que a tecnologia da informação
pode oferecer. Antes de investir, eles devem ter em mente que o computador é
apenas um instrumento para ajudar a resolver problemas identificados. Ele não
é, como às vezes as pessoas parecem esperar, uma mágica panacéia universal. Se
ouço um dono de empresas dizer: "Estou perdendo dinheiro, é melhor comprar
um computador", digo-lhe para repensar sua estratégia antes de investir. A
tecnologia, na melhor das hipóteses, irá adiar a necessidade de mudanças mais
fundamentais. A primeira regra de qualquer tecnologia utilizada nos negócios é
que a automação aplicada a uma operação eficiente aumenta a eficiência. A
segunda é que a automação aplicada a uma operação ineficiente aumenta a ineficiência."
Atualmente
a gestão estratégica da informação tornou-se uma parte crítica e integrada a
qualquer estrutura gerencial de sucesso. O uso da reengenharia de processos
para direcionar os novos sistemas de informação pode proporcionar um aumento
significativo da satisfação dos clientes, e/ou a redução de custos, ao
contrário das iniciativas que envolvem o uso de tecnologia apenas para fazer
mais rápido o mesmo trabalho.
É
complicado tentar explicar que a análise de aquisição dos produtos e serviços
de tecnologia, está vinculada à avaliação dos valores internos da empresa,
desde a sua cultura, o nível dos seus gestores e colaboradores, até a análise
dos seus negócios, sem desconsiderar o planejamento estratégico para o futuro.
É imprescindível esta reflexão interna.
O
novo desafio dos gestores de TI, está no alcance de metas e objetivos
organizacionais específicos, ao invés de satisfazer requisitos de usuário
muitas vezes não relacionados aos objetivos organizacionais, passando a ser um
profissional que fale em clientes, concorrência global e retorno sobre
investimento, perdendo a fixação do diálogo em apenas plataformas, computação
cliente/servidor e orientação a objetos e outras mais, combinando ainda
habilidades de liderança e comunicação com conhecimentos técnicos e do negócio,
capaz de exercer um papel decisivo em todas as questões de gestão da informação
e de aprimoramento dos processos organizacionais.
Concluindo,
a Tecnologia da Informação está permeando a cadeia de valor, em cada um de seus
pontos, transformando a maneira como as atividades são executadas e a natureza
das interligações entre elas. Está, também, afetando o escopo competitivo e
reformulando a maneira como os produtos e serviços atendem às necessidades dos
clientes. Estes efeitos básicos explicam porque a Tecnologia da Informação
adquiriu um significado estratégico e diferencia-se de muitas outras
tecnologias utilizadas nos negócios. Aos administradores cabe o alerta do
Charles Wang, "que a TI mudou tudo que você aprendeu sobre gestão, e está
achatando milhões de administradores que deixaram de conformar-se ao
inevitável. Infelizmente forças assim, não abrem exceções, nem mesmo para você,
talvez principalmente para você".
Fonte 1: http://www.guiarh.com.br/p62.htm
O USO ESTRATÉGICO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO DOS
NEGÓCIOS
1. INTRODUÇÃO
A informação tornou-se um recurso estratégico
imprescindível para as organizações e o crescimento de sua importância pode ser
explicado pela busca constante por melhores resultados, sustentado pelo
crescente desenvolvimento tecnológico, que possibilitou a transformação das
organizações, fundamentalmente no que diz respeito à sua estruturação, divisão
do trabalho, acompanhamento de processos e novas formas de coordenação.
Entretanto, em muitas empresas, os Sistemas de Apoio á
Decisão ainda são precários. Poucos (1) apresentam as informações em tempo
real, (2) ou utilizam sistemas amigáveis como touch screen,
reconhecimento de voz, ou mesmo leitura de códigos de barra. E muito poucos (3)
disponibilizam informações em âmbito externo à empresa, ao público em geral,
através da Internet.
O objetivo deste artigo é apresentar novas possibilidades
que permitam aos executivos acessarem informações internas e externas à
empresa, atualizadas em tempo real, e apresentadas em formatos altamente
amigáveis, de forma que indicadores de desempenho, previamente escolhidos
possam ser analisados com rapidez e eficiência.
2. ESTÁGIO ATUAL
Durante muito tempo, a Tecnologia da Informação - TI foi
tratada e operacionalizada pelas empresas com base em visão muito estreita, que
a situava apenas em um pequeno mundo circunscrito a um Centro de Processamento
de Dados com pessoas altamente especializadas, respondendo por suas funções.
Este período foi caracterizado pelo custo elevado na aquisição de equipamentos
de informática e manutenção de uma equipe especializada no trato com as novas
tecnologias.
Com o passar do tempo, a redução dos custos dos
equipamentos de informática possibilitou que um número cada vez maior de
empresas viesse a ter acesso a estas tecnologias. Diante deste fato e aliado às
transformações pelas quais o ambiente empresarial vem passando ao longo dos
últimos anos, o simples fato de ter uma boa estrutura de informática deixou de
ser um fator que diferenciasse as empresas na busca e manutenção de alguma
vantagem de ordem competitiva nos mercados em que atuam, tendo como ponto de
partida para a obtenção daquele elenco de vantagens os recursos tecnológicos de
que dispõem.
Em um ambiente cada vez mais competitivo, as organizações
dependem cada vez mais do que os sistemas de informações possam fazer por elas,
mas os investimentos em TI não têm gerado o retorno esperado pelas empresas.
Isto pode estar relacionado à falta de uma estratégia objetiva de implantação
destas tecnologias, pela desconsideração de aspectos comportamentais e
políticos envolvidos na implantação de um sistema de informações em uma
organização e pela valorização apenas da tecnologia (hardware) e
desconsideração da gestão da informação.
3. INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS
Neste contexto, o desafio é fazer com que a área de TI
migre de uma posição de suporte a processos e operacionalização de rotinas
dentro da organização para uma posição que apresente as informações, agrupadas
em planilhas ou formas gráficas comparativas, de modo que as decisões possam
ser tomadas com segurança.
Outra característica importante, para que as informações se
tornem estratégicas, diz respeito a atualização dos dados, que idealmente deve
ser feita no momento em que os eventos ocorrem, ou seja em real time,
garantindo a agilidade do processo decisório, bem como a qualidade e precisão
das informações.
Dessa forma, o papel da TI passa a ser estratégico. Assim,
uma empresa deve utilizar com eficiência os recursos (tecnológicos) de que
dispõe, buscando antecipar, através do conhecimento de tendências, e mesmo
responder de forma mais ágil às mudanças em seu ambiente, garantindo, assim, a
sua sobrevivência, a longo prazo, e proporcionando a aprendizagem contínua, o
compartilhamento de problemas, idéias e, conseqüentemente, a busca de soluções,
de forma a colocar a empresa em patamar diferenciado em relação à concorrência.
4. O AMBIENTE EMPRESARIAL
A globalização e a Internet expandiram de forma assustadora
o ambiente empresarial. É de muita importância que, no mundo competitivo de
hoje, os executivos não utilizem apenas informações limitas ao ambiente interno
da empresa. Entretanto o que se verifica é que apenas 24% dos sistemas têm
acesso a informações externas.
5. NÍVEIS DOS SISTEMAS EMPRESARIAIS
Os Sistemas Empresariais podem ser representados com em uma
pirâmide. No nível mais básico, ou operacional, estão os sistemas transacionais
de gestão empresarial e os integrados, tipo ERP (Enterprise Resource Planning),
através dos quais são introduzidos os dados.
No nível seguinte estão os Sistemas de Suporte à Decisão,
que utilizam o conceito de Data Mining, onde os grandes bancos de dados da
empresa são “minerados” em busca de informações importantes, padrões
comportamentais ou dados que guardam um relacionamento entre si. A essência do
Data Mining é analisar informações que já foram coletadas (dados
estáticos). Este nível é considerado o nível tático.
No nível estratégico, que compõe o topo da pirâmide, estão
os Sistemas de Apoio ao Executivo, que são os sistemas que permitem que os
executivos selecionem as informações e os cruzamentos, com base nos Fatores
Críticos de Sucesso. Estas informações podem resultar de um substrato depurado
do nível anterior e de informações que são agrupadas até o momento, e que por
isso precisam ter sido colhidas em tempo real, para serem precisas.
6. INTERNET
No nível estratégico a Internet tem um papel essencial.
Devido a facilidade de acesso, permite que os executivos monitorem os Fatores
Críticos de Sucesso da empresa de qualquer parte do mundo a baixos custos.
·
Dentre as
características dos Sistemas de Apoio à Decisão, desenvolvidos para a Internet,
pode-se citar as seguintes:
·
Facilidade de
uso;
·
Ambiente
gráfico;
·
Escalabilidade;
·
Portabilidade;
·
Capacidade
Evolutiva;
·
Facilidade de
Prototipação;
·
Suporte a Tabelas,
Gráficos e navegação através de hiperlinks;
·
Acesso a informações
corporativas internas - Intranet;
·
Integração extra
corporativa entre clientes e fornecedores - Extranet;
·
Comunicação assíncrona
entre os executivos dentro e fora da empresa - Correio Eletrônico;
7. CONCLUSÃO
A área de Tecnologia da Informação vem ocupando um papel de
destaque dentro das organizações como uma ferramenta poderosa que pode alterar
as bases de competitividade.
Em alguns casos, a implantação de um sistema em uma empresa
pode gerar conseqüências desastrosas se o processo não for tratado de forma
clara e objetiva focando todos os setores que terão suas rotinas alteradas por
esta nova ferramenta de trabalho. Desta forma, para atingir o pleno potencial
dos investimentos em Tecnologia da Informação e, conseqüentemente, alcançar
alguma vantagem de ordem competitiva, as organizações devem analisar
cuidadosamente o teor das informações geradas e o aproveitamento das mesmas nos
diversos níveis de decisão. Além disto as empresas devem se adequar ao novo
paradigma, cujo foco está na valorização das pessoas que tomam decisões, na
aprendizagem a partir de decisões que não foram tomadas em tempo hábil, na
flexibilidade para a mudança, na inovação e na velocidade de resposta às
demandas do mercado.
A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NAS ESTRATÉGIAS DAS ORGANIZAÇÕES
CONTEMPORÂNEAS: BREVE REVISÃO DE LITERATURA
RESUMO
O artigo focaliza como a Tecnologia da
Informação (TI) evoluiu de uma orientação tradicional de suporte administrativo
para um papel estratégico dentro das organizações, e como não só sustenta as
estratégias de negócios existentes, mas também permite que se viabilizem novas.
Destaca o uso eficaz da Tecnologia da informação como um dos maiores desafios
que as organizações modernas precisam enfrentar. Busca, ainda, analisar como a
Tecnologia da informação está sendo
utilizada pelas organizações na era da hipercompetição como recurso estratégico
para obtenção de vantagem competitiva. Discutem-se aqui dois modelos de
alinhamento de TI e estratégia operacional.
1. INTRODUÇÃO
A era atual é marcada pela alta velocidade com que as mudanças
acontecem. Em todas as áreas da vida humana, a influência do fenômeno que
costumamos chamar de globalização não pode ser negada. Uma das características
mais marcantes desse processo é o grande fluxo de informações, decorrentes da
aparente redução dos limites territoriais e dos avanços tecnológicos e
científicos mundiais.
A última década apresentou evoluções dramáticas não apenas na área
de tecnologia da informação, mas também em relação aos usos e à exploração da
TI para obtenção de vantagem competitiva. A intensificação da evolução
tecnológica, tem exigido das organizações contemporâneas uma reestruturação de
seus modelos e um realinhamento da função de seus sistemas de informação.
Sendo assim, as empresas, independentemente do setor de atuação,
devem avaliar com mais seriedade o potencial da Tecnologia da Informação para
suas operações, pois, a complexidade do contexto atual obriga as organizações a
tratar a TI não mais como um mero problema de ordem tecnológica mas como um
oportunidade para responder aos constantes desafios impostos pelo mercado.
A informação sempre foi peça importante para a gestão das
organizações. Nos últimos anos, essa importância cresceu tão vertiginosamente a
ponto de tornar-se algo indispensável. Informação, hoje, é palavra chave nas
organizações e ela deve ser rápida, precisa, formatada e disponível a todos os
envolvidos.
Nas organizações contemporâneas, esta realidade tem demandado não
apenas novas práticas gerenciais, mas uma nova filosofia administrativa que
possa acompanhar as alterações constantes no ambiente mercadológico, político,
social e geográfico mundial, cada vez mais dinâmico e competitivo. Segundo
Drucker (1995), a próxima revolução da informação tenta responder à seguinte
pergunta: qual é o significado da informação e qual é o seu propósito?
Esse questionamento exige, de imediato, a redefinição não apenas
das tarefas que são realizadas com a ajuda da informação, mas também das
instituições que efetuam essas tarefas.
Nesse contexto, a tecnologia da informação adquire uma importância
sem precedentes para o sucesso das organizações, pois, é por meio dela que as
empresas podem melhorar seus fluxos de informação, integrar seus negócios,
buscar e desenvolver novos relacionamentos com outras organizações e melhorar
seu desempenho, de forma a manter sua sobrevivência num mercado cada vez mais
competitivo.
2. A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO RECURSO ESTRATÉGICO
O uso da Tecnologia da Informação nas suas primeiras décadas de
existência (anos 50 e 70) estava voltado, primordialmente, para a redução de
custos através da automação de processos em nível operacional. Nos últimos
anos, no entanto, a TI tem subido de patamar passando pelo nível tático e, mais
recentemente, chegando ao nível estratégico das organizações. Sobre isso,
Albertin (2004) afirma que as organizações têm procurado um uso cada vez mais
intenso e amplo de Tecnologia de Informação, não apenas bits, bytes e demais jargões,
mas uma poderosa ferramenta empresarial, que altere as bases da competitividade
e estratégias empresariais.
As organizações passaram a realizar seus planejamentos e a criar
suas estratégias voltadas para o futuro, tendo como uma de suas principais
bases a TI, devido a seus impactos sociais e empresariais.
Na literatura, nem sempre se encontra um significado homogêneo
para Estratégia ou um conceito que seja amplamente aceito para Tecnologia da
Informação. Cabe, portanto, definir tais conceitos para fins deste trabalho.
Para estratégia será usado o conceito de Porter (1996): “estratégia
é a criação de uma posição única e valiosa, envolvendo um conjunto diferente de
atividades”. De acordo com Laurindo (2002), o conceito de TI é mais abrangente
do que os de processamento de dados, sistemas de informação, engenharia de
software, informática ou o conjunto de hardware e software, pois também envolve
aspectos humanos, administrativos e organizacionais.
Pode-se, então, definir Tecnologia da Informação como recurso
estratégico das organizações para obtenção de vantagem competitiva , através da
utilização de informações em todas as suas formas, envolvendo aspectos humanos,
administrativos e organizacionais.
Neste trabalho, serão utilizados modelos que visam analisar o
papel, a gestão e a organização da TI, e a relação destes com as estratégias
organizacionais. Modelos caracterizam-se como ferramentas fundamentais para
conceber algo e representar, simular ou idealizar essa realidade por meio de
objetos, fluxos, idéias ou palavras, por que ele permite a visualização dos
relacionamentos e dos efeitos relevantes em uma situação ou problema específico.
Para visualizar como a TI está relacionada à estratégia e à
operação do modelo de negócios da empresa, pode-se utilizar, entre outros, dois
modelos fundamentais: o grid estratégico de McFarlan (1998) e a matriz
de intensidade de informação de Porter e Millar (1985).
O primeiro permite analisar o impacto no negócio da empresa de
aplicações de TI presentes e futuras, definindo quatro quadrantes, cada um
representa uma situação: suporte (support), fabril (factory), transição
(turnaround) e estratégico(strategic).
O segundo analisa a quantidade de informação que está contida no
processo e no produto, considerando , para isso, a cadeia de valor . Nas
empresas cujos produtos e processos têm muita informação, os sistemas de
informação têm grande importância. Segue uma análise detalhada dos modelos.
2.1 Grid Estratégico: Impacto das
aplicações de TI
O modelo proposto por McFarlan está demonstrado na figura abaixo,
de acordo com ele pode-se verificar o posicionamento da TI dentro da estrutura
da empresa e como a TI será gerenciada.
Os quadrantes do modelo em questão são quatro, quais sejam: Nível
de Suporte, Nível Fabril, Nível de Transição e Nível Estratégico. Eles podem
ser explicados da seguinte maneira:
Nível
de Suporte: a TI tem pequena influência nas estratégias atual e futura da empresa;
No quadrante SUPORTE não há necessidade de posicionamento de destaque da área de
TI na hierarquia da empresa, pois ela teria pouca influência nas estratégia
atual e futura da organização.
Nível
Fabril: as aplicações de TI existentes contribuem decisivamente para o
sucesso da empresa, mas não estão previstas novas aplicações que tenham impacto
estratégico; a TI deve estar posicionada em alto nível hierárquico porque
contribui decisivamente para o sucesso do negócio. Pode-se supor que a eficácia
no desenvolvimento de sistemas já é uma realidade, deve-se, portanto, buscar
ganhos de eficiência.
Nível
de Transição: a TI passa de uma posição mais discreta para uma de maior destaque
na estratégia da empresa. Para que a TI tenha maior destaque na hierarquia da empresa
é necessário enfatizar a eficácia.
Nível
Estratégico: a TI tem grande influência na estratégia geral da empresa. Tanto
as aplicações atuais quanto as futuras são estratégicas, afetando diretamente o
negócio da empresa.
Muitas empresas têm identificado que sua situação atual
encontra-se no quadrante suporte ou fábrica, o resultado é que, devido à
evolução, tanto da TI como das condições competitivas, essa posição pode
conduzir para a desvantagem competitiva. Isso não significa que empresas
situadas nesses quadrantes devam aplicar mais recursos em TI, mudar o seu planejamento
ou tomar qualquer outro tipo de providência drástica, muitas estão e permanecerão
situadas aí adequadamente. Entretanto, as organizações devem sempre reavaliar o
papel que a TI em sua estratégia para assegurar que sua localização ainda seja
apropriada.
McFarlan propôs ainda a análise de cinco questões fundamentais
sobre as aplicações de TI, relacionando-as com as cinco forças competitivas de
Porter (1998): A Tecnologia de Sistemas de Informação pode erguer barreiras à
entrada? A Tecnologia de Sistemas de Informação pode impedir a troca de
fornecedores? A Tecnologia pode alterar a base de competição? Os Sistemas de
Informações podem alterar o equilíbrio de poder nas relações com os
fornecedores? A Tecnologia de Sistemas de Informação pode gerar novos produtos?
Para mensurar o impacto da TI em sua estratégia, as organizações
devem responder a essas questões. Caso a resposta seja afirmativa em alguma
delas a tecnologia da informação deve ser considerada como um recurso
estrategicamente importante que exige um alto nível de atenção durante o
planejamento.
2.2 Matriz de Intensidade de Informação
A TI está mudando a maneira das organizações trabalharem. Ela está
afetando todo o processo de criação de produtos e, por isso, está remodelando o
próprio produto: a embalagem, os serviços e a informação que as organizações
fornecem a seus clientes para criar valor agregado. Segundo Porter e Millar
(1985) o valor agregado que uma empresa cria é medido pelo montante que os
consumidores desejam pagar por um produto/serviço.
Essa matriz analisa a quantidade de informação que está contida no
processo e no produto, considerando, para isso, a cadeia de valor. Porter e
Millar afirmam que “nas empresas cujos produtos e processos têm muita
informação, os sistemas de informação têm grande importância”.
A operação bancária e as indústrias de jornal têm um índice
elevado de TI no produto e no processo, seu produto é basicamente informação.
Uma refinaria de petróleo, por outro lado, tem um uso elevado de informação no
processo (refinamento) mas um índice de informação relativamente baixo no
produto final (derivados de petróleo). Fábricas de cimento, todavia, possuem
pouca informação no processo e no produto (sacos de cimento).
Por causa dos custos mais baixos e do aumento da capacidade da
tecnologia, muito setores estão buscando aumentar a quantidade de informação
contida tanto no produto quanto no processo de produção, dessa maneira a TI
transforma não somente os produtos e o processos mas também a natureza da
competição das organizações.
Para Porter e Millar(1985), essas mudanças que a TI proporciona
nas regras de competição podem acontecer por três motivos principais: altera a
estrutura de um setor, uma ferramenta
para criar vantagem competitiva e está criando novos negócios A TI altera a
estrutura porque a estrutura de um setor industrial é composta pelas cinco forças
competitivas cujo poder varia de um setor para outro. Ela pode alterar cada uma
das cinco forças competitivas, entre outros motivos, porque flexibiliza a
estrutura da muitas organizações e cria tanto a necessidade quanto a
oportunidade de mudança.
Pelo uso da Tecnologia da Informação, a vantagem competitiva pode
ser criada tanto pela redução de custos quanto pela diferenciação de produtos
ou, ainda, pela estratégia do enfoque. Exemplo da redução de custos é a
possibilidade do projeto auxiliado por computador (CAD) reduzir não somente o
custo de projetar novos produtos, mas também o custo de modificar ou adicionar
características aos produtos existentes (diferenciação). Dessa forma, a crescente
flexibilidade para executar as atividades do valor combinada com a redução dos custos
de projeto de produtos, provoca um grande aumento nas oportunidades de
adaptação e atendimento a pequenos nichos de mercado (enfoque).
As novas tecnologias de informação permitem, ainda, o surgimento
de novos produtos e serviços que, entre outras coisas, substituem os já
existentes e derrubam barreiras de entrada em mercados altamente competitivos.
2.3 Tendências Estratégicas em TI
A informação – no centro do foco - é recurso fundamental para a
tomada de decisões pertinentes, de melhor qualidade e no momento adequado, no
projeto e introdução no mercado de produtos e serviços de qualidade. Para
Porter (2001), a Internet provocou uma transformação irreversível na relação da
empresa com seus stakeholders. Estar conectado à rede mundial de
computadores representa ao mesmo tempo uma desvantagem (pela maior exposição
das informações), mas, também uma grande vantagem pela agilidade, redução de gastos
de armazenagem e custos das transações, permitindo ainda que a organização
enxergue melhor o mercado e possa reagir mais rapidamente às oscilações de
oferta e procura.
Entretanto, outros avanços em TI já apontam para uma tendência de
mover o usuário para o centro do foco – desenvolver uma compreensão baseada no
comportamento humano e orientada para as necessidades e disposições do usuário
em relação ao uso da informação, e procurar fornecer a ele uma ampla variedade
de informações internas e externas colocadas em formatos que sejam úteis.
Entre os movimentos recentes da área de TI nas empresas está a
utilização de tipos de sistemas de informação, adquiridos de terceiros ou
desenvolvidos internamente, tais como os sistemas ERP – Enterprise Resource
Planning, SCM – Supply Chain Management e CRM – Customer
Relationship Management, e o desenvolvimento de sistemas que permitem
análises e a tomada de decisão a partir dos dados gerados em tais sistemas, os
DW – Data Warehouses e sistemas de BI – Business Intelligence.
3. Considerações finais
Observa-se que a Tecnologia da Informação evoluiu de uma orientação
tradicional de suporte administrativo para um papel estratégico dentro das
organizações. Ela não só sustenta as estratégias de negócios existentes, mas
também permite que se viabilizem novas. Embora apenas alguns sub-aspectos da
função da TI sejam destacados (Redução de custos, agilidade na tomada de
decisão, aumento de produtividade, etc) a verdadeira finalidade da TI é a competitividade
e o fornecimento de um recurso poderoso para criação, combinação e sustentação
da vantagem competitiva para as organizações.
Os gestores contemporâneos devem estar alertas para o uso
eficiente e eficaz desse recurso tão fundamental nos dias atuais tendo sempre
em mente a necessidade de alinhar a estratégia de TI com a estratégia do
negócio. A TI vem impactando os negócios de uma maneira jamais vista e está,
cada vez mais, no domínio do negócio. Assim, a TI está adquirindo uma função de
agente de desenvolvimento e de definição de estratégias em diferentes níveis
(corporativo, de negócio e até mesmo funcional). Para atender a essas
necessidades, o modelo de sistemas de informação das organizações
contemporâneas deve ser o mais abrangente, flexível e completo possível.
Vale ressaltar que, além da tecnologia, outros aspectos
importantes precisam ser
considerados:
a cultura e a estrutura organizacional de muitas empresas precisarão ser revistas,
de forma a abrir espaço para que a informação assuma o seu papel de componente estratégico,
e principalmente, dar atenção às pessoas é fundamental nesse processo, pois nenhum
avanço significativo em relação às iniciativas na área da informação ou da
estratégia empresarial poderá acontecer sem a conscientização das pessoas para
a importância de buscar informações antes da tomada de decisões, bem como
compartilhar com o restante do corpo funcional as informações e conhecimentos
obtidos durante a realização do trabalho.
Dificilmente conseguirá sobreviver no mercado em hipercompetição a
empresa que é rica em tecnologia da informação, mas que não tem competência
para lidar com as
informações
disponíveis. O sucesso será alcançado por aqueles que conseguirem utilizar com criatividade
o poder da TI para resolver questões estratégicas do negócio.
REFERÊNCIAS
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críticos de sucesso. Atlas,
São Paulo. 2004
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Fontes Adicionais: