quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A relevância da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) para a Gestão de Negócios



Blog “Gestão e Negócios Sustentáveis”, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.



TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – DEFINIÇÃO E PRATICIDADE



A Tecnologia da Informação, no seu sentido mais amplo (incluindo os sistemas de informação, o uso de hardware e software, telecomunicações, automação, recursos multimídia, utilizados pelas organizações para fornecer dados, informações e conhecimento) tem tido papel cada vez mais importante no mundo globalizado, de mudanças constantes e pouca previsibilidade.
A Tecnologia da Informação tem sido reconhecida como arma estratégica competitiva, pois além de permitir e sustentar as operações do negócio viabiliza novas estratégias empresariais. Apesar disto, não é difícil encontrar departamentos de TI desconectados à realidade dos negócios da empresa. Este cenário tem levado a distorções que custam caro ás empresas e aos profissionais da Tecnologia da Informação. As corporações deixam de ter retorno adequado ao potencial do TI e em muitos casos tem prejuízos diretos causados por grandes investimentos infundados e que não trazem retorno. Os profissionais da Tecnologia acabam desprestigiados e se vêem sem incentivos preconizando o ciclo vicioso presente nas corporações onde o TI, na visão dos altos executivos, "não funciona".
Cabe ao profissional gestor da TI o papel de assegurar o adequado posicionamento  frente às necessidades e estratégias da empresa. O uso de ferramentas simples como o "Grid Estratégico" e o "Modelo de Alinhamento Estratégico" descritos resumidamente abaixo são de extrema importância e decisivos para garantir a eficácia da TI na corporação.
Aqui vale uma pausa para descrever a diferença entre eficiência e eficácia. De maneira geral, eficiência significa fazer bem as coisas, enquanto que eficácia significa fazer as coisas certas. A eficiência está associada ao uso dos recursos, enquanto a eficácia está associada com a satisfação de metas, objetivos e requisitos.
Deve-se ainda considerar o posicionamento no Grid Estratégico e a Perspectiva de Alinhamento Estratégico quando da escolha dos projetos e investimentos da TI.  Por exemplo, se o TI da sua empresa tem perspectiva de Alinhamento Estratégico definida como "Nivel de Serviço" não faz sentido investir em tecnologias não maduras (trataremos do ciclo de vida das tecnologias em outro artigo). Já para empresas enquadradas no Alinhamento Estratégico como "Execução de Estratégia", a vanguarda da tecnologia (mesmo que incertas quanto aos resultados) passa a ser questão de competitividade, veja os exemplos das operadoras móveis que constantemente investem em novas tecnologias: mal lançaram o 3G e já estão falando no 4G).
Quantos de nós, profissionais da Tecnologia da Informação, vimos (ou foi responsável por) decisões aparentemente acertadas serem tomadas resultando em problemas sérios no médio e longo prazos? O exemplo clássico é o de desenvolver sistemas usando recursos próprios por considerar apenas os custos no curto prazo e que resulta num tremendo problema quando o único analista que havia trabalhado no projeto sai levando todo o conhecimento consigo. Isso acontece sempre que a perspectiva de alinhamento estratégico não é considerada.
Para finalizar podemos tomar casos como o Google, Submarinos ou a GOL que ao alinharem as estratégias de TI e de Negócio tiveram êxito incontestável mostrando que o planejamento e posicionamento adequado é o mais importante para atingirmos o objetivo, ou seja, sermos eficazes.
            Faço minhas as palavras de Porter para definir o amplo papel da Tecnologia da Informação:

".. os gerentes tem que conceber a tecnologia da informação em sua forma mais ampla, para abranger todas as informações que são criadas e utilizadas pelos negócios, assim como o grande espectro de tecnologias cada vez mais convergentes e interligadas, que processam estas informações. Além de computadores, portanto, equipamentos de reconhecimento de dados, tecnologias de comunicações, automação industrial e outros hardwares e serviços estão envolvidos." (Porter& Millar)

GRID ESTRATÉGICO

Este modelo (MCFARLAN - 1984) analisa o impacto de aplicações de TI presentes e futuras no negócio, definindo quatro "quadrantes", cada um representando uma situação na empresa.

"Suporte": a TI tem pequena influência nas estratégias atual e futura da empresa. Não há necessidade de posicionamento de destaque da área de TI na hierarquia da empresa. Usualmente é o que acontece em uma manufatura tradicional.

"Fábrica": as aplicações de TI existentes contribuem decisivamente para o sucesso da empresa, mas não estão previstas novas aplicações que tenham impacto estratégico. A área de TI deve estar posicionada em alto nível hierárquico.

"Transição": a TI passa de uma situação mais discreta (quadrante "suporte") para uma de maior destaque na estratégia da empresa. A área de TI tende para uma posição de maior importância na hierarquia da empresa. É o que ocorre como o e-commerce que passa a ser agente transformador do negócio.

"Estratégico": a TI tem grande influência na estratégia geral da empresa. Tanto as aplicações atuais como as futuras são estratégicas, afetando o negócio da empresa. Neste caso, é importante que a TI esteja posicionada em alto nível de sua estrutura hierárquica.

GESTÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

"A informação tecnológica pode ser a maior ferramenta dos tempos modernos, mas é o julgamento de negócios dos humanos que a faz poderosa" Charles B. Wang
O ambiente empresarial está mudando continuamente, tornando-se mais complexo e menos previsível, e cada vez mais dependentes de informação e de toda a infra-estrutura tecnológica que permite o gerenciamento de enormes quantidades de dados. A tecnologia está gerando grandes transformações, que estão ocorrendo a nossa volta de forma ágil e sutil. É uma variação com conseqüências fundamentais para o mundo empresarial, causando preocupação diária aos empresários e executivos das corporações, com o estágio do desenvolvimento tecnológico das empresas e/ou de seus processos internos. A convergência desta infra-estrutura tecnológica com as telecomunicações que aniquilou as distâncias, está determinando um novo perfil de produtos e de serviços.
Segundo Adriana Beal, "O principal benefício que a tecnologia da informação traz para as organizações é a sua capacidade de melhorar a qualidade e a disponibilidade de informações e conhecimentos importantes para a empresa, seus clientes e fornecedores. Os sistemas de informação mais modernos oferecem às empresas oportunidades sem precedentes para a melhoria dos processos internos e dos serviços prestados ao consumidor final."
Ao ler um estudo de caso sobre as mudanças tecnológicas ocorridas na Água de Cheiro, me deparei com o seguinte comentário de um dos diretores: "A tecnologia traz a necessidade de mudança cultural e passa a exigir das pessoas a capacidade de reciclar seus conceitos e seus paradigmas. As pessoas não precisam mais saber gerar informação, pois a sua geração é automática. Precisam sim, saber usar a informação.
Caso a empresa não tenha tempo nem recursos para investir em treinamento, torna-se necessário fazer uma reciclagem de quadro. "Tenta-se mudar as pessoas, mas, se precisar, muda-se de pessoas"."
Este exemplo clarifica bem, como este novo cenário está afetando interesses, valores e rotinas há muito tempo cristalizadas em pessoas, eliminando tarefas, gerando desemprego, e exigindo aperfeiçoamento contínuo.
Na Água de Cheiro, eles reconhecem a importância crescente da TI e da rapidez como esta vem provocando mudanças de comportamento das sociedades. No entanto, admitem algumas limitações ao seu uso, dado a especificidade do seu negócio.
Cabe aqui uma consideração de Jacques Marcovith, "que quando se impõe limites à TI sem prévio estudo, caracteriza-se uma nociva desconsideração de tendências, onde a competição não estaria acontecendo apenas entre empresas, mas entre padrões ou comportamentos pouco convencionais". Cabe a cada organização encontrar uma abordagem adequada às suas necessidades específicas em gestão da informação.
Outro esclarecimento fundamental, é que A TI e seus computadores não possuem "poderes mágicos" de resolver problemas de gestão, racionalizar processos ou aumentar a produtividade. Bill Gates em seu livro: A Estrada do Futuro, fez o seguinte comentário: "Diretores de empresas pequenas e grandes ficarão deslumbrados com as facilidades que a tecnologia da informação pode oferecer. Antes de investir, eles devem ter em mente que o computador é apenas um instrumento para ajudar a resolver problemas identificados. Ele não é, como às vezes as pessoas parecem esperar, uma mágica panacéia universal. Se ouço um dono de empresas dizer: "Estou perdendo dinheiro, é melhor comprar um computador", digo-lhe para repensar sua estratégia antes de investir. A tecnologia, na melhor das hipóteses, irá adiar a necessidade de mudanças mais fundamentais. A primeira regra de qualquer tecnologia utilizada nos negócios é que a automação aplicada a uma operação eficiente aumenta a eficiência. A segunda é que a automação aplicada a uma operação ineficiente aumenta a ineficiência."
Atualmente a gestão estratégica da informação tornou-se uma parte crítica e integrada a qualquer estrutura gerencial de sucesso. O uso da reengenharia de processos para direcionar os novos sistemas de informação pode proporcionar um aumento significativo da satisfação dos clientes, e/ou a redução de custos, ao contrário das iniciativas que envolvem o uso de tecnologia apenas para fazer mais rápido o mesmo trabalho.
É complicado tentar explicar que a análise de aquisição dos produtos e serviços de tecnologia, está vinculada à avaliação dos valores internos da empresa, desde a sua cultura, o nível dos seus gestores e colaboradores, até a análise dos seus negócios, sem desconsiderar o planejamento estratégico para o futuro. É imprescindível esta reflexão interna.
O novo desafio dos gestores de TI, está no alcance de metas e objetivos organizacionais específicos, ao invés de satisfazer requisitos de usuário muitas vezes não relacionados aos objetivos organizacionais, passando a ser um profissional que fale em clientes, concorrência global e retorno sobre investimento, perdendo a fixação do diálogo em apenas plataformas, computação cliente/servidor e orientação a objetos e outras mais, combinando ainda habilidades de liderança e comunicação com conhecimentos técnicos e do negócio, capaz de exercer um papel decisivo em todas as questões de gestão da informação e de aprimoramento dos processos organizacionais.
Concluindo, a Tecnologia da Informação está permeando a cadeia de valor, em cada um de seus pontos, transformando a maneira como as atividades são executadas e a natureza das interligações entre elas. Está, também, afetando o escopo competitivo e reformulando a maneira como os produtos e serviços atendem às necessidades dos clientes. Estes efeitos básicos explicam porque a Tecnologia da Informação adquiriu um significado estratégico e diferencia-se de muitas outras tecnologias utilizadas nos negócios. Aos administradores cabe o alerta do Charles Wang, "que a TI mudou tudo que você aprendeu sobre gestão, e está achatando milhões de administradores que deixaram de conformar-se ao inevitável. Infelizmente forças assim, não abrem exceções, nem mesmo para você, talvez principalmente para você".


O USO ESTRATÉGICO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO DOS NEGÓCIOS

1. INTRODUÇÃO

A informação tornou-se um recurso estratégico imprescindível para as organizações e o crescimento de sua importância pode ser explicado pela busca constante por melhores resultados, sustentado pelo crescente desenvolvimento tecnológico, que possibilitou a transformação das organizações, fundamentalmente no que diz respeito à sua estruturação, divisão do trabalho, acompanhamento de processos e novas formas de coordenação.
Entretanto, em muitas empresas, os Sistemas de Apoio á Decisão ainda são precários. Poucos (1) apresentam as informações em tempo real, (2) ou  utilizam sistemas amigáveis como touch screen, reconhecimento de voz, ou mesmo leitura de códigos de barra. E muito poucos (3) disponibilizam informações em âmbito externo à empresa, ao público em geral, através da Internet.
O objetivo deste artigo é apresentar novas possibilidades que permitam aos executivos acessarem informações internas e externas à empresa, atualizadas em tempo real, e apresentadas em formatos altamente amigáveis, de forma que indicadores de desempenho, previamente escolhidos  possam ser analisados com rapidez e eficiência.

2. ESTÁGIO ATUAL

Durante muito tempo, a Tecnologia da Informação - TI foi tratada e operacionalizada pelas empresas com base em visão muito estreita, que a situava apenas em um pequeno mundo circunscrito a um Centro de Processamento de Dados com pessoas altamente especializadas, respondendo por suas funções. Este período foi caracterizado pelo custo elevado na aquisição de equipamentos de informática e manutenção de uma equipe especializada no trato com as novas tecnologias.
Com o passar do tempo, a redução dos custos dos equipamentos de informática possibilitou que um número cada vez maior de empresas viesse a ter acesso a estas tecnologias. Diante deste fato e aliado às transformações pelas quais o ambiente empresarial vem passando ao longo dos últimos anos, o simples fato de ter uma boa estrutura de informática deixou de ser um fator que diferenciasse as empresas na busca e manutenção de alguma vantagem de ordem competitiva nos mercados em que atuam, tendo como ponto de partida para a obtenção daquele elenco de vantagens os recursos tecnológicos de que dispõem.
Em um ambiente cada vez mais competitivo, as organizações dependem cada vez mais do que os sistemas de informações possam fazer por elas, mas os investimentos em TI não têm gerado o retorno esperado pelas empresas. Isto pode estar relacionado à falta de uma estratégia objetiva de implantação destas tecnologias, pela desconsideração de aspectos comportamentais e políticos envolvidos na implantação de um sistema de informações em uma organização e pela valorização apenas da tecnologia (hardware) e desconsideração da gestão da informação.

3. INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS

Neste contexto, o desafio é fazer com que a área de TI migre de uma posição de suporte a processos e operacionalização de rotinas dentro da organização para uma posição que apresente as informações, agrupadas em planilhas ou formas gráficas comparativas, de modo que as decisões possam ser tomadas com segurança.
Outra característica importante, para que as informações se tornem estratégicas, diz respeito a atualização dos dados, que idealmente deve ser feita no momento em que os eventos ocorrem, ou seja em real time, garantindo a agilidade do processo decisório, bem como a qualidade e precisão das informações.
Dessa forma, o papel da TI passa a ser estratégico. Assim, uma empresa deve utilizar com eficiência os recursos (tecnológicos) de que dispõe, buscando antecipar, através do conhecimento de tendências, e mesmo responder de forma mais ágil às mudanças em seu ambiente, garantindo, assim, a sua sobrevivência, a longo prazo, e proporcionando a aprendizagem contínua, o compartilhamento de problemas, idéias e, conseqüentemente, a busca de soluções, de forma a colocar a empresa em patamar diferenciado em relação à concorrência.

4. O AMBIENTE EMPRESARIAL

A globalização e a Internet expandiram de forma assustadora o ambiente empresarial. É de muita importância que, no mundo competitivo de hoje, os executivos não utilizem apenas informações limitas ao ambiente interno da empresa. Entretanto o que se verifica é que apenas 24% dos sistemas têm acesso a informações externas.

5.  NÍVEIS DOS SISTEMAS EMPRESARIAIS

Os Sistemas Empresariais podem ser representados com em uma pirâmide. No nível mais básico, ou operacional, estão os sistemas transacionais de gestão empresarial e os integrados, tipo ERP (Enterprise Resource Planning), através dos quais são introduzidos os dados.
No nível seguinte estão os Sistemas de Suporte à Decisão, que utilizam o conceito de Data Mining, onde os grandes bancos de dados da empresa são “minerados” em busca de informações importantes, padrões comportamentais ou dados que guardam um relacionamento entre si. A essência do Data Mining é analisar informações que já foram coletadas (dados estáticos).  Este nível é considerado o nível tático.
No nível estratégico, que compõe o topo da pirâmide, estão os Sistemas de Apoio ao Executivo, que são os sistemas que permitem que os executivos selecionem as informações e os cruzamentos, com base nos Fatores Críticos de Sucesso. Estas informações podem resultar de um substrato depurado do nível anterior e de informações que são agrupadas até o momento, e que por isso precisam ter sido colhidas em tempo real, para serem precisas.

6. INTERNET

No nível estratégico a Internet tem um papel essencial. Devido a facilidade de acesso, permite que os executivos monitorem os Fatores Críticos de Sucesso da empresa de qualquer parte do mundo a baixos  custos.

·         Dentre as características dos Sistemas de Apoio à Decisão, desenvolvidos para a Internet, pode-se citar as seguintes:
·         Facilidade de uso; 
·         Ambiente gráfico; 
·         Escalabilidade; 
·         Portabilidade; 
·         Capacidade Evolutiva; 
·         Facilidade de Prototipação; 
·         Suporte a Tabelas, Gráficos e navegação através de hiperlinks; 
·         Acesso a informações corporativas internas - Intranet; 
·         Integração extra corporativa entre clientes e fornecedores - Extranet; 
·         Comunicação assíncrona entre os executivos dentro e fora da empresa - Correio Eletrônico;

7. CONCLUSÃO

A área de Tecnologia da Informação vem ocupando um papel de destaque dentro das organizações como uma ferramenta poderosa que pode alterar as bases de competitividade.
Em alguns casos, a implantação de um sistema em uma empresa pode gerar conseqüências desastrosas se o processo não for tratado de forma clara e objetiva focando todos os setores que terão suas rotinas alteradas por esta nova ferramenta de trabalho. Desta forma, para atingir o pleno potencial dos investimentos em Tecnologia da Informação e, conseqüentemente, alcançar alguma vantagem de ordem competitiva, as organizações devem analisar cuidadosamente o teor das informações geradas e o aproveitamento das mesmas nos diversos níveis de decisão. Além disto as empresas devem se adequar ao novo paradigma, cujo foco está na valorização das pessoas que tomam decisões, na aprendizagem a partir de decisões que não foram tomadas em tempo hábil, na flexibilidade para a mudança, na inovação e na velocidade de resposta às demandas do mercado.


A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NAS ESTRATÉGIAS DAS ORGANIZAÇÕES CONTEMPORÂNEAS: BREVE REVISÃO DE LITERATURA

RESUMO

O artigo focaliza como a Tecnologia da Informação (TI) evoluiu de uma orientação tradicional de suporte administrativo para um papel estratégico dentro das organizações, e como não só sustenta as estratégias de negócios existentes, mas também permite que se viabilizem novas. Destaca o uso eficaz da Tecnologia da informação como um dos maiores desafios que as organizações modernas precisam enfrentar. Busca, ainda, analisar como a
Tecnologia da informação está sendo utilizada pelas organizações na era da hipercompetição como recurso estratégico para obtenção de vantagem competitiva. Discutem-se aqui dois modelos de alinhamento de TI e estratégia operacional.

1. INTRODUÇÃO

A era atual é marcada pela alta velocidade com que as mudanças acontecem. Em todas as áreas da vida humana, a influência do fenômeno que costumamos chamar de globalização não pode ser negada. Uma das características mais marcantes desse processo é o grande fluxo de informações, decorrentes da aparente redução dos limites territoriais e dos avanços tecnológicos e científicos mundiais.
A última década apresentou evoluções dramáticas não apenas na área de tecnologia da informação, mas também em relação aos usos e à exploração da TI para obtenção de vantagem competitiva. A intensificação da evolução tecnológica, tem exigido das organizações contemporâneas uma reestruturação de seus modelos e um realinhamento da função de seus sistemas de informação.
Sendo assim, as empresas, independentemente do setor de atuação, devem avaliar com mais seriedade o potencial da Tecnologia da Informação para suas operações, pois, a complexidade do contexto atual obriga as organizações a tratar a TI não mais como um mero problema de ordem tecnológica mas como um oportunidade para responder aos constantes desafios impostos pelo mercado.
A informação sempre foi peça importante para a gestão das organizações. Nos últimos anos, essa importância cresceu tão vertiginosamente a ponto de tornar-se algo indispensável. Informação, hoje, é palavra chave nas organizações e ela deve ser rápida, precisa, formatada e disponível a todos os envolvidos.
Nas organizações contemporâneas, esta realidade tem demandado não apenas novas práticas gerenciais, mas uma nova filosofia administrativa que possa acompanhar as alterações constantes no ambiente mercadológico, político, social e geográfico mundial, cada vez mais dinâmico e competitivo. Segundo Drucker (1995), a próxima revolução da informação tenta responder à seguinte pergunta: qual é o significado da informação e qual é o seu propósito?
Esse questionamento exige, de imediato, a redefinição não apenas das tarefas que são realizadas com a ajuda da informação, mas também das instituições que efetuam essas tarefas.
Nesse contexto, a tecnologia da informação adquire uma importância sem precedentes para o sucesso das organizações, pois, é por meio dela que as empresas podem melhorar seus fluxos de informação, integrar seus negócios, buscar e desenvolver novos relacionamentos com outras organizações e melhorar seu desempenho, de forma a manter sua sobrevivência num mercado cada vez mais competitivo.

2. A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO RECURSO ESTRATÉGICO

O uso da Tecnologia da Informação nas suas primeiras décadas de existência (anos 50 e 70) estava voltado, primordialmente, para a redução de custos através da automação de processos em nível operacional. Nos últimos anos, no entanto, a TI tem subido de patamar passando pelo nível tático e, mais recentemente, chegando ao nível estratégico das organizações. Sobre isso, Albertin (2004) afirma que as organizações têm procurado um uso cada vez mais intenso e amplo de Tecnologia de Informação, não apenas bits, bytes e demais jargões, mas uma poderosa ferramenta empresarial, que altere as bases da competitividade e estratégias empresariais.
As organizações passaram a realizar seus planejamentos e a criar suas estratégias voltadas para o futuro, tendo como uma de suas principais bases a TI, devido a seus impactos sociais e empresariais.
Na literatura, nem sempre se encontra um significado homogêneo para Estratégia ou um conceito que seja amplamente aceito para Tecnologia da Informação. Cabe, portanto, definir tais conceitos para fins deste trabalho.
Para estratégia será usado o conceito de Porter (1996): “estratégia é a criação de uma posição única e valiosa, envolvendo um conjunto diferente de atividades”. De acordo com Laurindo (2002), o conceito de TI é mais abrangente do que os de processamento de dados, sistemas de informação, engenharia de software, informática ou o conjunto de hardware e software, pois também envolve aspectos humanos, administrativos e organizacionais.
Pode-se, então, definir Tecnologia da Informação como recurso estratégico das organizações para obtenção de vantagem competitiva , através da utilização de informações em todas as suas formas, envolvendo aspectos humanos, administrativos e organizacionais.
Neste trabalho, serão utilizados modelos que visam analisar o papel, a gestão e a organização da TI, e a relação destes com as estratégias organizacionais. Modelos caracterizam-se como ferramentas fundamentais para conceber algo e representar, simular ou idealizar essa realidade por meio de objetos, fluxos, idéias ou palavras, por que ele permite a visualização dos relacionamentos e dos efeitos relevantes em uma situação ou problema específico.
Para visualizar como a TI está relacionada à estratégia e à operação do modelo de negócios da empresa, pode-se utilizar, entre outros, dois modelos fundamentais: o grid estratégico de McFarlan (1998) e a matriz de intensidade de informação de Porter e Millar (1985).
O primeiro permite analisar o impacto no negócio da empresa de aplicações de TI presentes e futuras, definindo quatro quadrantes, cada um representa uma situação: suporte (support), fabril (factory), transição (turnaround) e estratégico(strategic).
O segundo analisa a quantidade de informação que está contida no processo e no produto, considerando , para isso, a cadeia de valor . Nas empresas cujos produtos e processos têm muita informação, os sistemas de informação têm grande importância. Segue uma análise detalhada dos modelos.

2.1 Grid Estratégico: Impacto das aplicações de TI

O modelo proposto por McFarlan está demonstrado na figura abaixo, de acordo com ele pode-se verificar o posicionamento da TI dentro da estrutura da empresa e como a TI será gerenciada.
Os quadrantes do modelo em questão são quatro, quais sejam: Nível de Suporte, Nível Fabril, Nível de Transição e Nível Estratégico. Eles podem ser explicados da seguinte maneira:

Nível de Suporte: a TI tem pequena influência nas estratégias atual e futura da empresa; No quadrante SUPORTE não há necessidade de posicionamento de destaque da área de TI na hierarquia da empresa, pois ela teria pouca influência nas estratégia atual e futura da organização.

Nível Fabril: as aplicações de TI existentes contribuem decisivamente para o sucesso da empresa, mas não estão previstas novas aplicações que tenham impacto estratégico; a TI deve estar posicionada em alto nível hierárquico porque contribui decisivamente para o sucesso do negócio. Pode-se supor que a eficácia no desenvolvimento de sistemas já é uma realidade, deve-se, portanto, buscar ganhos de eficiência.

Nível de Transição: a TI passa de uma posição mais discreta para uma de maior destaque na estratégia da empresa. Para que a TI tenha maior destaque na hierarquia da empresa é necessário enfatizar a eficácia.

Nível Estratégico: a TI tem grande influência na estratégia geral da empresa. Tanto as aplicações atuais quanto as futuras são estratégicas, afetando diretamente o negócio da empresa.

Muitas empresas têm identificado que sua situação atual encontra-se no quadrante suporte ou fábrica, o resultado é que, devido à evolução, tanto da TI como das condições competitivas, essa posição pode conduzir para a desvantagem competitiva. Isso não significa que empresas situadas nesses quadrantes devam aplicar mais recursos em TI, mudar o seu planejamento ou tomar qualquer outro tipo de providência drástica, muitas estão e permanecerão situadas aí adequadamente. Entretanto, as organizações devem sempre reavaliar o papel que a TI em sua estratégia para assegurar que sua localização ainda seja apropriada.
McFarlan propôs ainda a análise de cinco questões fundamentais sobre as aplicações de TI, relacionando-as com as cinco forças competitivas de Porter (1998): A Tecnologia de Sistemas de Informação pode erguer barreiras à entrada? A Tecnologia de Sistemas de Informação pode impedir a troca de fornecedores? A Tecnologia pode alterar a base de competição? Os Sistemas de Informações podem alterar o equilíbrio de poder nas relações com os fornecedores? A Tecnologia de Sistemas de Informação pode gerar novos produtos?
Para mensurar o impacto da TI em sua estratégia, as organizações devem responder a essas questões. Caso a resposta seja afirmativa em alguma delas a tecnologia da informação deve ser considerada como um recurso estrategicamente importante que exige um alto nível de atenção durante o planejamento.

2.2 Matriz de Intensidade de Informação

A TI está mudando a maneira das organizações trabalharem. Ela está afetando todo o processo de criação de produtos e, por isso, está remodelando o próprio produto: a embalagem, os serviços e a informação que as organizações fornecem a seus clientes para criar valor agregado. Segundo Porter e Millar (1985) o valor agregado que uma empresa cria é medido pelo montante que os consumidores desejam pagar por um produto/serviço.
Essa matriz analisa a quantidade de informação que está contida no processo e no produto, considerando, para isso, a cadeia de valor. Porter e Millar afirmam que “nas empresas cujos produtos e processos têm muita informação, os sistemas de informação têm grande importância”.
A operação bancária e as indústrias de jornal têm um índice elevado de TI no produto e no processo, seu produto é basicamente informação. Uma refinaria de petróleo, por outro lado, tem um uso elevado de informação no processo (refinamento) mas um índice de informação relativamente baixo no produto final (derivados de petróleo). Fábricas de cimento, todavia, possuem pouca informação no processo e no produto (sacos de cimento).
Por causa dos custos mais baixos e do aumento da capacidade da tecnologia, muito setores estão buscando aumentar a quantidade de informação contida tanto no produto quanto no processo de produção, dessa maneira a TI transforma não somente os produtos e o processos mas também a natureza da competição das organizações.
Para Porter e Millar(1985), essas mudanças que a TI proporciona nas regras de competição podem acontecer por três motivos principais: altera a estrutura de um setor,  uma ferramenta para criar vantagem competitiva e está criando novos negócios A TI altera a estrutura porque a estrutura de um setor industrial é composta pelas cinco forças competitivas cujo poder varia de um setor para outro. Ela pode alterar cada uma das cinco forças competitivas, entre outros motivos, porque flexibiliza a estrutura da muitas organizações e cria tanto a necessidade quanto a oportunidade de mudança.
Pelo uso da Tecnologia da Informação, a vantagem competitiva pode ser criada tanto pela redução de custos quanto pela diferenciação de produtos ou, ainda, pela estratégia do enfoque. Exemplo da redução de custos é a possibilidade do projeto auxiliado por computador (CAD) reduzir não somente o custo de projetar novos produtos, mas também o custo de modificar ou adicionar características aos produtos existentes (diferenciação). Dessa forma, a crescente flexibilidade para executar as atividades do valor combinada com a redução dos custos de projeto de produtos, provoca um grande aumento nas oportunidades de adaptação e atendimento a pequenos nichos de mercado (enfoque).
As novas tecnologias de informação permitem, ainda, o surgimento de novos produtos e serviços que, entre outras coisas, substituem os já existentes e derrubam barreiras de entrada em mercados altamente competitivos.

2.3 Tendências Estratégicas em TI

A informação – no centro do foco - é recurso fundamental para a tomada de decisões pertinentes, de melhor qualidade e no momento adequado, no projeto e introdução no mercado de produtos e serviços de qualidade. Para Porter (2001), a Internet provocou uma transformação irreversível na relação da empresa com seus stakeholders. Estar conectado à rede mundial de computadores representa ao mesmo tempo uma desvantagem (pela maior exposição das informações), mas, também uma grande vantagem pela agilidade, redução de gastos de armazenagem e custos das transações, permitindo ainda que a organização enxergue melhor o mercado e possa reagir mais rapidamente às oscilações de oferta e procura.
Entretanto, outros avanços em TI já apontam para uma tendência de mover o usuário para o centro do foco – desenvolver uma compreensão baseada no comportamento humano e orientada para as necessidades e disposições do usuário em relação ao uso da informação, e procurar fornecer a ele uma ampla variedade de informações internas e externas colocadas em formatos que sejam úteis.
Entre os movimentos recentes da área de TI nas empresas está a utilização de tipos de sistemas de informação, adquiridos de terceiros ou desenvolvidos internamente, tais como os sistemas ERP – Enterprise Resource Planning, SCM – Supply Chain Management e CRM – Customer Relationship Management, e o desenvolvimento de sistemas que permitem análises e a tomada de decisão a partir dos dados gerados em tais sistemas, os DW – Data Warehouses e sistemas de BI – Business Intelligence.

3. Considerações finais
Observa-se que a Tecnologia da Informação evoluiu de uma orientação tradicional de suporte administrativo para um papel estratégico dentro das organizações. Ela não só sustenta as estratégias de negócios existentes, mas também permite que se viabilizem novas. Embora apenas alguns sub-aspectos da função da TI sejam destacados (Redução de custos, agilidade na tomada de decisão, aumento de produtividade, etc) a verdadeira finalidade da TI é a competitividade e o fornecimento de um recurso poderoso para criação, combinação e sustentação da vantagem competitiva para as organizações.
Os gestores contemporâneos devem estar alertas para o uso eficiente e eficaz desse recurso tão fundamental nos dias atuais tendo sempre em mente a necessidade de alinhar a estratégia de TI com a estratégia do negócio. A TI vem impactando os negócios de uma maneira jamais vista e está, cada vez mais, no domínio do negócio. Assim, a TI está adquirindo uma função de agente de desenvolvimento e de definição de estratégias em diferentes níveis (corporativo, de negócio e até mesmo funcional). Para atender a essas necessidades, o modelo de sistemas de informação das organizações contemporâneas deve ser o mais abrangente, flexível e completo possível.
Vale ressaltar que, além da tecnologia, outros aspectos importantes precisam ser
considerados: a cultura e a estrutura organizacional de muitas empresas precisarão ser revistas, de forma a abrir espaço para que a informação assuma o seu papel de componente estratégico, e principalmente, dar atenção às pessoas é fundamental nesse processo, pois nenhum avanço significativo em relação às iniciativas na área da informação ou da estratégia empresarial poderá acontecer sem a conscientização das pessoas para a importância de buscar informações antes da tomada de decisões, bem como compartilhar com o restante do corpo funcional as informações e conhecimentos obtidos durante a realização do trabalho.
Dificilmente conseguirá sobreviver no mercado em hipercompetição a empresa que é rica em tecnologia da informação, mas que não tem competência para lidar com as
informações disponíveis. O sucesso será alcançado por aqueles que conseguirem utilizar com criatividade o poder da TI para resolver questões estratégicas do negócio.

REFERÊNCIAS

ALBERTIN, A. L. Administração de informática: funções e fatores críticos de sucesso. Atlas, São Paulo. 2004
DRUCKER, Peter F. “The information executives truly need”. Harvard Business Review, v.73, n.1, p-54-62, Jan./Feb. 1995.
HENDERSON, J.C.; VENKATRAMAN, N. Strategic Alignment: Leveraging Information Technology For Transforming Organizations. IBM Systems Journal. v.32, n.1, p.4-16, 1993.
LAURINDO, Fernando José B. Tecnologia da Informação – Eficácia nas organizações. 2a. Edição. Editora Futura. São Paulo, 2002.
MCFARLAN, F. Warren. A tecnologia da informação muda a sua maneira da competir. In Estratégia - A Busca Da Vantagem Competitiva - Harvard Business Review Book - 6a. Edição. Ed. Campus, São Paulo. 1998
PORTER, Michael E. “Como as forças competitivas moldam a estratégia”. In Estratégia – A Busca Da Vantagem Competitiva - Harvard Business Review Book - 6a. Ed. Campus, São Paulo. 1998
PORTER, Michael E. What is Strategy? Harvard Business Review, Boston, November/December. 1996.
PORTER, Michael E. & MILLAR, Victor E. "How Information Gives You Competitive Advantage". Harvard Business Review. Boston, July-August. 1985.
PORTER, Michael E. “Strategy and the Internet”. Harvard Business Review, p.63- 78. Mar. 2001.

Fontes Adicionais: