BLOG GESTÃO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS
Autoria: Álaze Gabriel.
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar
PROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
CIÊNCIAS AMBIENTAIS – PPG-CAM
MESTRADO ACADÊMICO
EMPREENDIMENTOS
HIDROELÉTRICOS E SEUS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS: ESTUDO DE CASO DA USINA
HIDROELÉTRICA MONJOLINHO DE SÃO CARLOS - SP
Álaze Gabriel do Breviário
SÃO CARLOS, SP
2013
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCar
PROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
CIÊNCIAS AMBIENTAIS – PPG-CAM
MESTRADO ACADÊMICO
EMPREENDIMENTOS
HIDROELÉTRICOS E SEUS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS: ESTUDO DE CASO DA USINA
HIDROELÉTRICA MONJOLINHO DE SÃO CARLOS - SP
Álaze Gabriel do Breviário
Projeto de
pesquisa apresentado ao Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais
(PPG-CAM) como requesito parcial para a seleção de ingresso no mestrado.
Linha de
Pesquisa: “Ambiente e Sociedade”.
Orientador
Indicado: Prof. Dr. Rodrigo Constante Martins.
SÃO CARLOS, SP
2013
1.
RESUMO
O presente projeto pretende dissertar
sobre os impactos socioambientais, positivos e negativos, endógenos e exógenos,
dos empreendimentos hidroelétricos, por meio do estudo de caso da UHE
Monjolinho, localizada no município de São Carlos, no Estado de São Paulo, no
Brasil, elaborar um Sistema de Gestão Ambiental sustentável para a mesma bem
como avaliar as principais políticas públicas e privadas aplicadas ao processo
de geração de energia hidroelétrica no Brasil e no mundo.
Palavras-chave: empreendimentos
hidroelétricos; recursos hídricos; Sistema de Gestão Ambiental; conflitos
socioambientais.
2. ABSTRACT
This project intends to speak about the social and
environmental impacts, positive and negative, endogenous and exogenous, the
hydroelectric developments, through the case study of UHE Monjolinho, located
in São Carlos, State of São Paulo, in Brazil, developing a sustainable
Environmental Management System for the same as well as evaluating the major public
and private policies applied to the process of hydropower generation in Brazil
and worldwide.
Keywords: hydroelectric developments,
water resources, Environmental
Management, environmental conflicts.
3.
INTRODUÇÃO
A
geração de energia elétrica é imprescindível para o desenvolvimento social,
sendo a sua falta ou oferta insuficiente um fator impeditivo para o crescimento
socioeconômico, uma vez que limitam profundamente a produção industrial e o
consumo de energia em outros setores da economia. Entretanto, não são poucos os
impactos negativos sociais, econômicos e ambientais gerados pelos
empreendimentos hidroelétricos neste processo, fato este que,
imprescindivelmente, deve ser levado em consideração.
Até o ano de 1999, cerca de 1 milhão de pessoas foram deslocadas
para dar lugar a represas que alimentavam 2.200 barragens no Brasil (hoje esse
número já ultrapassa os 13.000, segundo a ANEEL), inundando uma área de 34 mil
quilômetros quadrados, superior à área do Estado do de Alagoas (CASTRO, 2000,
apud SILVA, 2009), sendo que, em média, 70% das famílias atingidas não recebem
seus devidos direitos. O destino da maioria destas famílias acaba sendo
engrossar os bolsões de pobreza nas cidades, ficando sem emprego, sem terra e
sem casa (MAB, 2008). Além
disso, hoje existem mais de 45.000 grandes barragens
construídas e em torno de 1.600 barragens em construção no espaço geográfico
mundial. O funcionamento de tais barragens já expulsou cerca de 80 milhões de
pessoas de suas terras (MAB, 2008).
Já o Brasil, segundo o Banco de Informações de Geração (BIG), da
Agência Nacional de Energia Elétrica, possui atualmente 417 centrais geradoras
hidroelétricas (CGHs), 458 pequenas centrais hidroelétricas (PCHs) e 190 usinas
hidroelétricas (UHEs), perfazendo um total de 1.065 empreendimentos
hidroelétricos; ao todo, há 2.846 empreendimentos geradores de eletricidade em operação. O Brasil
é o maior produtor de hidroeletricidade da América Latina – com 600 barragens,
dentre as mais de 2.000 barragens já construídas –, seguido pela Argentina com
101 barragens, pelo Chile com 87 e pela Venezuela com 72 (SILVA, 2009).
No
tocante ao processo de geração de energia hidroelétrica, FOGLIATTI et al, 2011,
p. 94, destaca os seguintes indicadores ambientais e seus respectivos padrões
de comportamento:
a)
Qualidade
da água: é o principal indicador ambiental associada à operação das usinas e
centrais hidrelétricas. A água do reservatório é o componente ambiental mais
afetado por ele próprio já que extensas áreas de florestas ficam submersas em
períodos do ano e outras durante todo o período de duração do empreendimento,
produzindo dióxido de carbono e metano. O fenômeno de eutrofização, o
lançamento no lago de efluentes líquidos não tratados, esgotos, resíduos
sólidos e lixo no lago pela população ribeirinha, o carreamento de material
tóxico como pesticidas usados nos combates às pragas das lavouras das áreas
agrícolas no entorno do reservatório, da bacia do reservatório para o seu
interior, são outras práticas que contribuem para a degradação da qualidade da
água.
b)
Qualidade
do solo: as modificações causadas pelos processos de enchimento/esvaziamento do
reservatório afetam a qualidade do solo no entorno do mesmo tornando-o muito
úmido ou seco em função da época do ano, causando deslocamentos da população
ribeirinha em direção às margens do lago e modificando a vegetação local.
Anãlises físicas e químicas do solo, incluindo umidade e determinação do nível
d’água, devem ser feitas periodicamente.
c)
Perda
de diversidade da flora: o esvaziamento/enchimento do reservatório são
processos que causam a morte de diversas espécies vegetais que ficam afogadas
ou alagadas. Também, as modificações do microclima local podem tornar as
condições ambientais adversas à sobrevivência de alguns seres vivos do reino
vegetal. As perdas em número de espécies e as áreas desmatadas devem ser
monitoradas para recuperação.
d)
Perda
da diversidade da fauna: as mudanças causadas na qualidade da água do
reservatório causam transformações tão profundas que podem afastar ou até
eliminar a vida aquática da região de influência determinada pelo lago.
Ademais, a barreira causada pela barragem impede o deslocamento dos peixes e
crustáceos, inclusive a sua migração de jusante para montante para reprodução,
fenômeno denominado piracema. Análises qualitativas e quantitativas das
espécies afetadas devem ser realizadas periodicamente.
e)
Assoreamento:
é o depósito de material no fundo do reservatório por sedimentação ou
decantação. Ele ocorre devido à redução da velocidade do rio ao chegar à região
do reservatório e provoca a diminuição da altura útil do mesmo, a formação de
bancos de areia, muda a morfologia local assim como o regime de escoamento do
rio, afetando a qualidade da água ao carrear material poluído. O volume de
material depositado (m³) deve ser monitorado para o planejamento da dragagem.
f)
Estabilidade
de encostas: as encostas das áreas no entorno do reservatório podem sofrer
processos de instabilidade e até ruptura. Pode ocorrer propagação de ondas no
reservatório que ao atingirem a estrutura da barragem a danificam ou a
destroem. Os locais de potencial instabilidade devem ser detectados e
monitorados periodicamente para a realização de obras de contenção de encostas
quando necessário.
g)
Ruídos
e vibrações: estes impactos são conseqüências da operação das máquinas, em
especial as turbinas e os geradores, no interior das casas de máquinas das
barragens e podem causar sérios problemas de saúde ou desconforto humano. Em
alguns setores da usina hidroelétrica, os funcionários devem usar abafadores de
ruído. Os ruídos são mensurados em decibéis e as vibrações são monitoradas por
equipamentos específicos.
h)
Emigrações
e migrações humanas: as emigrações ocorrem ao longo da margem do reservatório
por populações insatisfeitas com as novas condições ambientais e socioculturais
criadas na região do empreendimento hidroelétrico e as imigrações ocorrem em
função de oportunidades de emprego criadas no local (REIS, 2003, apud
FOGLIATTI, 2011). Estes processos devem ser monitorados e controlados pelo
empreendedor e pelo poder público a fim de garantir condições satisfatórias de
infraestrutura. São mensurados por meio da contagem de pessoas que chegam
(imigrações) e que saem (emigrações) da área de influência do empreendimento
hidroelétrico.
i)
Ocorrências
indesejáveis: compreende toda atitude, ação e/ou procedimento inadequado e até
criminoso do ponto de vista ambiental. Podem se relacionar neste indicador uso
de produtos tóxicos nas lavouras nas margens do lago, uso de produtos químicos
nas águas do reservatório, pesca e caça predatórias, retirada indiscriminada de
espécies da flora da região, disposição inadequada de lixo, lançamento de
efluentes não tratados e esgotos no reservatório, sabotagens e outros.
O Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica (PDEE 2007/2016)
apresenta um conjunto de 90 empreendimentos hidroelétricos que totalizam uma
geração prevista de 36.834 MW. Para os próximos anos (até 2.030), conforme o
Plano Nacional de Energia (PNE 2030) há uma previsão de acrescentar mais
130.113 MW de
energia elétrica ao sistema brasileiro, com necessidade de investimentos na
ordem de U$286 bilhões (cerca de R$500 bilhões).
Um dos destinos da geração de energia elétrica em nosso país é
abastecer os grandes consumidores, principalmente a chamada indústria
eletrointensiva (indústria de celulose, alumínio, ferro, aço, entre outras) e
os grandes supermercados (shoppings). No Brasil, atualmente existem 665 grandes
consumidores de energia e sozinhos consomem aproximadamente 30% de toda energia
elétrica brasileira, além disso, recebem energia ao preço de custo real.
Neste contexto,
infere-se que a gestão da geração de energia hidroelétrica é complexa, haja
vista os impactos sociais, econômicos e ambientais provocados pela construção,
montagem e funcionamento dos empreendimentos hidroelétricos.
4.
JUSTIFICATIVA
Embora sejam
muitos os benefícios da hidroeletricidade para o desenvolvimento socioeconômico
de uma nação, visto ser energia limpa, demandar menores custos de operação
quando comparados com a termoeletricidade e energia nuclear, viabilizar o
funcionamento das corporações e do governo, etc., neste processo de geração de
energia hidroelétrica, muitos são os impactos negativos causados pelos
empreendimentos hidroelétricos, o que precisa, indubitavelmente, ser levado em
consideração.
O
mau planejamento da construção, montagem e operação dos empreendimentos
hidroelétricos, a má gestão da disponibilidade e qualidade das bacias
hidrográficas, a falta de integração entre a gestão dos recursos hídricos com a
gestão do uso do solo, a ineficácia de políticas aplicadas nessa área bem como
o escasso e incipiente interesse político e econômico nessa temática
apresentam-se como as principais barreiras socioambientais presentes no
processo de geração de energia hidroelétrica.
Desta
forma, os impactos socioambientais negativos gerados pelos
empreendimentos hidroelétricos no processo de geração de energia hidroelétrica
constituem o problema de pesquisa. Tal problema culmina na seguinte questão:
qual o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) capaz de mitigar os impactos
socioambientais negativos gerados pelos empreendimentos hidroelétricos para
patamares considerados razoáveis?
Nesta perspectiva, pretende-se executar o presente
projeto de pesquisa dissertando minuciosamente sobre os impactos, positivos e
negativos, endógenos e exógenos, dos empreendimentos hidroelétricos no processo
de geração de energia hidroelétrica, por meio do estudo de caso da UHE
Monjolinho de São Carlos, SP.
5.
REFERENCIAL
TEÓRICO
5.1
Discussões
ambientais no cenário global atual
O
processo de industrialização, em especial a partir da primeira Revolução
Industrial, associado ao exponencial e desordenado crescimento populacional
urbano, trouxe impactos diretos sobre o meio ambiente. Neste contexto, a
resiliência ecossistêmica
bem como a disponibilidade e qualidade dos recursos hídricos foi – e continua
sendo – crescentemente ameaçadas. O consumismo acelerou a exploração da fauna e
da flora, dos recursos energéticos e minerais, culminando na ultrapassagem dos
limiares planetários no que tange à redução da biodiversidade, às mudanças
climáticas e às perturbações no ciclo do nitrogênio.
O
período até então conhecido como Holoceno
foi transformado, por meio das ações humanas, no Antropoceno,
marco que providenciou, segundo ROCKSTRÖM
et al (2009), um primeiro passo para identificar fronteiras biofísicas,
em escala planetária, dentro das quais a humanidade tem a flexibilidade para
escolher uma miríade de caminhos para o bem-estar humano e seu desenvolvimento.
As fronteiras planetárias dizem respeito às “regras do jogo” ou à delimitação
do “campo do jogo planetário” para o empreendedorismo humano.
ROCKSTROM
(apud SCHWINGEL, Juras, Viana et al, 2012), hidrólogo sueco diretor do Centro
de Resiliência de Estocolmo, junto com mais 28 cientistas liderados por ele,
definiu nove fronteiras planetárias abrangendo os ciclos biogeoquímicos globais
do nitrogênio, do fósforo, do carbono e da água, os principais de circulação
física (o clima, a estratosfera, os sistemas oceânicos), as características
biofísicas da Terra que contribuem para a resiliência básica de sua capacidade
auto-regulatória (biodiversidade terrestre e marinha e o sistema de terras); e
duas características críticas associadas com a mudança global antropogênica (a
carga de aerossóis e os poluentes químicos), dizendo respeito especificamente:
1.
às
mudanças climáticas;
2.
à
acidificação dos oceanos;
3.
à
camada de ozônio;
4.
ao
ciclo do nitrogênio e do fósforo;
5.
ao
uso de água doce;
6.
às
mudanças no uso da terra;
7.
à
redução da biodiversidade;
8.
à
poluição química; e
9.
à
concentração de aerossóis na atmosfera.
ROCKSTROM et al (2009) mostrou, num estudo seminal no
periódico "Nature", que a civilização já ultrapassou três das nove
barreiras planetárias cujo rompimento pode levar a pontos de virada no sistema
terrestre – e a possíveis catástrofes. A pedido do secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, ROCKSTRÖM coordenou um grupo de Prêmios Nobel que produziu uma carta
com recomendações sobre sustentabilidade global para dar subsídios às decisões
da Rio+20, conferência ambiental mundial realizada no Centro de Convenções
Riocentro, Rio de Janeiro (RJ), de 20 a 22 de junho de 2012.
As
fronteiras aludem-se: à circulação atmosférica e oceânica que regula o clima,
devido ao aquecimento global e mudanças climáticas; à ciclagem natural do
nitrogênio, devido à conversão antropogênica do gás N2 em formas
reativas de nitrogênio; e à capacidade auto-regulatória dos ecossistemas,
devido à redução drástica da biodiversidade. Vale ressaltar que com as
projeções estatísticas populacionais para as próximas décadas, a demanda por
alimentos, água, moradia, fontes de energia aumentará proporcionalmente e os
impactos ambientais tendem a ser cada vez maiores. Considerando que a questão
ambiental diz respeito a um bem público global, urge que vençamos os desafios
que se colocam à consolidação de Governança Ambiental Global
(GAG).
Os
estudos realizados sobre os impactos socioambientais gerados pelo processo de
geração de energia hidroelétrica abrangem uma gama de assuntos ambientais como
energia, recursos naturais (em especial os recursos hídricos), biodiversidade,
além de vários assuntos sociais como desenvolvimento socioeconômico, migrações,
infra-estrutura urbana, dentre outros. Por afetar diretamente a biodiversidade,
os recursos hídricos e as famílias mais próximas de sua instalação, os
empreendimentos hidroelétricos geram transformações socioambientais cuja
análise exige minuciosa compreensão sobre a relevância, os usos, a
disponibilidade, a qualidade e os dispositivos legais dos recursos hídricos e
da biodiversidade.
5.2
Relevância dos
recursos hídricos e da biodiversidade
A
relevância dos recursos hídricos e
da biodiversidade
para a existência da vida na Terra é indiscutível. Os biomas necessitam do
equilíbrio da cadeia alimentar e da disponibilidade de recursos hídricos
potáveis para se desenvolverem ambiental, econômica, política e socialmente.
Todos os setores da economia se valem dos recursos naturais para operacionalizarem
suas relações sociais fundamentais, tais como a extração, a produção, a
comercialização, a prestação de serviços, o transporte, o lazer, etc.
A
respeito dos recursos hídricos, MONTORO, 1993, p. 32, escreve:
A água é um valioso elemento promotor do
desenvolvimento e do progresso. A água se presta a múltiplas utilizações da
maior importância econômica e social: o abastecimento das populações e das
indústrias, a irrigação das culturas, multiplicando sua produtividade, meio de
transporte, com diferentes tipos de hidrovias, produção de energia, através das
grandes e pequenas usinas hidroelétricas, fator de alimentação, com o
desenvolvimento da pesca, ambiente para o esporte, o turismo, o lazer (MONTORO,
1993, p. 32).
No
tocante à biodiversidade, vale ressaltar que nas últimas décadas a ação humana
nos ecossistemas naturais tem vindo a afetar cada vez mais espécies da fauna e
flora do planeta. As principais causas para a extinção das espécies são as
profundas alterações, ou mesmo a destruição dos habitats, a qual tem se
intensificado, principalmente, devido: a) à crescente erosão e desertificação
dos solos; b) ao sobrepastoreio; c) à poluição da água, do solo e da atmosfera
por substâncias químicas; d) aos derrames de crude e de outros poluentes nos
mares; e e) ao consumo de alguns animais e plantas e à introdução de espécies
exóticas pelo Homem. Nota-se, todavia, que, embora a natureza seja indefensiva
às ações humanas, ela é vingativa, demonstrando todo o seu furor na forma de
enchentes, maremotos, tsunamis, furacões, erupções vulcânicas, terremotos,
chuvas ácidas, aquecimento global, derretimento das geleiras, etc.
Com menor
diversidade de espécies a vida na Terra torna-se mais sujeita a alterações
ambientais. Pelo contrário, quanto mais rica é a diversidade biológica, menos
sujeito o planeta se torna às bruscas transformações ambientais, maior é a
oportunidade para descobertas no âmbito da medicina, da alimentação, do
desenvolvimento econômico, e de serem encontradas respostas adaptativas a essas
alterações ambientais.
Portanto, não
restam dúvidas quanto à gravidade do quadro imposto pelas interferências
perpetradas pelo homem nos ambientes naturais. Para Medeiros (2003), a
hecatombe de extinções de espécies da fauna e da flora, fenômeno sem precedente
histórico, atinge hoje entre 70.000 a 240.000 espécies.
O impacto
maior, sem dúvida, é sentido nas florestas tropicais, que, cobrindo cerca de 7%
da superfície terrestre do planeta, abrigam, pelo menos, 50% de todas as
espécies. Dados da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura, e o PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, já
indicavam, no inicio da década de 80, que, a cada ano, entre 76.000 e 92.000
quilômetros quadrados de florestas tropicais eram destruídos. Outros 100.000
quilômetros quadrados grandemente perturbados. O mais inquietante é constatar
que nas décadas seguintes essas médias continuaram aumentando (Medeiros, 2003).
As “Listas
Vermelhas” da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN), atualizadas
ano a ano, mostram a progressividade do problema. A lista da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção, editada em 1989, relacionava 218 espécies. A lista
concluída em 2002 revela que 627 espécies estavam ameaçadas, 2 extintas na natureza
e 9 definitivamente extintas. Nesta lista, encontramos 69 mamíferos, 153 aves,
20 répteis, 15 anfíbios, 165 peixes, 93 insetos, 21 invertebrados terrestres e
91 invertebrados aquáticos. Considerando a grandiosidade da biodiversidade
brasileira e os escassos investimentos aplicados no seu estudo, fica evidente
que os números apresentados mostram apenas uma débil aproximação do problema. A
lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçada de extinção, editada em
1992 (Portaria IBAMA 037-N), por sua vez, relaciona um total de 107 espécies. O
grau de precisão dessas listas é freqüentemente questionado, o que ilustra mais
uma vez a carência de conhecimento sobre a nossa biodiversidade. Por exemplo,
no início da década de 90, período em que se editou a lista oficial da flora,
foi relacionado um número superior a 1.000 espécies raras e/ou ameaçadas de
extinção, somente no Estado de Santa Catarina (KLEIN apud Medeiros, 2003).
5.3
Disponibilidade
hídrica total e per capita
Ao
contrário do que muitas vezes se pensa, o volume total de água presente no
planeta Terra é constante, isto é, não está reduzindo nem aumentando. Mantém-se
dentro de uma faixa de 1.386 milhões KM³, durante os últimos 500 milhões de
anos, o
suficiente para abastecer todos os pouco mais de sete bilhões de habitantes do
planeta. Ou seja, do ponto de vista de sua existência na Terra, a água não
poderia ser considerada um recurso não-renovável, uma vez que ela não se acaba
(SHIKLOMANOV, 1998).
Entretanto,
falando da água como recurso, é preciso verificar não apenas a sua existência,
mas também as condições de sua existência e as possibilidades de seu uso. Nesse
sentido, a realidade já é bem diferente. Daquele volume imutável de água
presente no planeta, 97,5% é água salgada, localizada em oceanos, mares, lagos
e aqüíferos salgados. Todo esse volume só é acessível a poucos usos que os
seres humanos fazem desse líquido, com destaque para a geração de energia por
meio do aproveitamento das ondas, para o transporte marítimo e, principalmente,
para a pesca. Logo, o que existe de água potável no globo terrestre são apenas
2,5%, dos quais 69% encontram-se nas geleiras e regiões com cobertura
permanente de neve, 29,8% são águas subterrâneas, 0,3% formam os rios e lagos e
os remanescentes 0,9% participam da umidade do solo, das placas de gelo
flutuante, dos pântanos e do solo permanentemente congelado (FOGLIATTI et al,
2011). Infere-se logicamente que, apesar de a Terra dispor de um volume de água
equivalente a 1,3 sextilhão de litros de água, a parcela efetivamente
disponível ao uso humano é muito pequena, de apenas 0,6% da água potável, o
equivalente a 0,014% do total de água disponível no planeta (MILLER JR., 2012).
O
processo de industrialização, em especial a partir da primeira Revolução
Industrial, associado ao exponencial e desordenado crescimento populacional
urbano bem como a poluição provenientes destas mudanças, tornam o prover de
água potável uma tarefa complexa.
Considerando a escassez e a poluição da água, torna-se imperativo o
adequado gerenciamento dos recursos hídricos e, para isso, faz-se necessária a
eleição de um recorte físico-territorial básico para a tomada de decisão: a
bacia hidrográfica (CALIJURI, 2010).
Neste
contexto, a resiliência ecossistêmica
bem como a disponibilidade e qualidade dos recursos hídricos foi – e continua
sendo – crescentemente ameaçadas. O consumismo acelerou a exploração da fauna e
da flora, dos recursos energéticos e minerais – o que inclui os recursos
hídricos –, culminando na ultrapassagem dos limiares planetários
no que tange à redução da biodiversidade, às mudanças climáticas e às
perturbações no ciclo do nitrogênio.
Os países mais aquinhoados pela natureza em recursos hídricos de
superfície e subterrâneos são países de dimensões continentais ou situados nos
trópicos, destacando-se Brasil, Canadá, China, Indonésia, Estados Unidos da
América, Índia, Bangladesh, Myanmar, Colômbia e Zaire. Os menos aquinhoados
situam-se na África saariana a subsaariana e no Oriente Médio, ou são países
insulares e de pequenas dimensões territoriais, como Bareim, Kuwait, Qatar,
Malta, Barbados, Cabo Verde, Djibuti, Emirados Árabes Unidos, Mauritânia,
Singapura, Líbia e Chipre (SHIKLOMANOV, 1998).
A
água utilizável pela humanidade, em termos médios globais, é de cerca de 6.800
metros cúbicos por indivíduo por ano, ou seja, muito abundante. O mínimo
necessário para a garantia de um razoável padrão de vida a todos os seres
humanos é da ordem de 1.000 metros cúbicos per capita anuais. Infere-se,
portanto, que a distribuição das precipitações atmosféricas é desigual sobre os
continentes e dentro deles faz com que a disponibilidade de água varie muito
com a localização geográfica e com as concentrações populacionais (CASTELO
BRANCO & RODRIGUES, 2006).
Sobre
os agravantes da má distribuição da água, JÚNIOR, 2004, p. 5, salienta:
A variação aleatória das precipitações
atmosféricas ao longo do tempo agrava a desigualdade da distribuição espacial
da água. Torna-a extremamente escassa em determinados períodos de tempo e muito
abundante em outros. Ambas as situações ocasionam problemas muito sérios, como
as inundações e as secas, com os quais o ser humano vem aprendendo a conviver
desde os primórdios de sua existência (JÚNIOR, 2004, p. 5).
Para
efeitos comparativos, a América do Norte dispõe de 30 vezes mais recursos
hídricos por habitante do que o norte da África, e o Canadá de 25 vezes mais do
que o México. Sob este prisma, os países com maior disponibilidade deixam de
ser os de grande extensão territorial, para serem países de pequena dimensão e
pouco povoados, situados próximo do Círculo Polar Ártico ou do Equador, como
Islândia, Suriname, Guiana, Papua-Nova Guiné, Ilhas Salomão e Gabão.
5.4
Distribuição
hídrica mundial e brasileira
Atualmente, 26 países dispõem de menos de 1.000 m3
anuais por habitante (limite de situação de emergência). Desses países, 11
estão localizados na África (Argélia, Botswana, Burundi, Cabo Verde, Djibuti,
Egito, Líbia, Mauritânia, Quênia, Ruanda e Tunísia), nove no Oriente Médio
(Arábia Saudita, Barheim, Emirados Árabes Unidos, Iêmem, Israel, Jordânia,
Kuwait, Qatar e Síria), quatro na Europa (Bélgica, Holanda, Hungria e Malta),
um nas Antilhas (Barbados) e um no Extremo Oriente (Singapura).
Neste respeito, JÚNIOR, 2004, p. 32, afirma:
Quando se situam no trecho
de jusante de rios que drenam regiões mais úmidas, esses países podem contar
com o suprimento extra de água, aportado por esses rios. É o caso do Egito, que
depende do rio Nilo, proveniente do Sudão, para sua sobrevivência; da Síria,
que recebe da Turquia o rio Eufrates; da Holanda, que recebe o rio Reno; e da
Hungria, que recebe o rio Danúbio. A garantia do suprimento de água depende,
nesses casos, da celebração de tratados internacionais que reconheçam o direito
à água aos países de jusante. No Oriente Médio e nordeste da África, a situação
é tão crítica que os especialistas em política regional consideram a
possibilidade de guerras pela água, à semelhança do conflito entre Índia e
Paquistão pelas águas da bacia superior do rio Indus, na região do Punjab e da
Cachemira. Israel, Jordânia e Síria partilham, sob tensa situação de conflito,
as águas do rio Jordão; Turquia, Síria e Iraque, as do rio Eufrates; Egito,
Sudão e Etiópia, as do médio rio Nilo. O conflito entre Israel e os palestinos
é movido, em boa parte, pela escassez de água da região – ao ceder territórios
aos palestinos, Israel estará, também, cedendo água (JÚNIOR, 2004, p. 32).
Ainda sobre a distribuição dá água potável, CALIJURI, 2010, p. 14,
enfatiza:
Em suma, a Europa, a Ásia, a
Oceania, a América do Sul, a América do Norte, a América Central e a África
detêm, respectivamente, 15%, 26%, 4%, 27%, 17%, 2% e 9% da água doce da Terra.
Essa distribuição relativa dos recursos hídricos é heterogênea, ou seja, não
uniforme. A Ásia, por exemplo, que abriga cerca de 60% da população mundial,
possui 26% da água doce, porcentagem similar à da América do Sul, que abriga
somente 6% da população do globo (CALIJURI, 2010, p. 14).
Já o Brasil, embora seja a maior reserva hídrica mundial, também
possui distribuição hídrica não uniforme de seus recursos hídricos. Por
exemplo, a Bacia Amazônica, que possui 68% da reservas de água doce do Brasil,
situa-se em uma região com baixa densidade demográfica. Entretanto, a
disponibilidade hídrica é de 7% em bacias do Sul e de 6% em bacias do Sudeste
(6%), isto é, apresenta disponibilidade menor para um contingente populacional
maior.
5.5 Causas da escassez da
água
TUNDISI et al. (2008) destacam que, no amplo
contexto social, econômico e ambiental do século XXI, os seguintes principais
problemas e processos são as causas
principais da “crise da água”:
• Intensa
urbanização, aumentando a demanda pela água, ampliando a descarga de recursos
hídricos contaminados e com grandes demandas de água para abastecimento e desenvolvimento
econômico e social (TUCCI apud TUNDISI, 2008).
• Estresse e
escassez de água em muitas regiões do planeta em razão das alterações na
disponibilidade e aumento de demanda.
•
Infraestrutura pobre e em estado crítico, em muitas áreas urbanas com até 30%
de perdas na rede após o tratamento das águas
• Problemas
de estresse e escassez em razão de mudanças globais com eventos hidrológicos
extremos aumentando a vulnerabilidade da população humana e comprometendo a
segurança alimentar (chuvas intensas e períodos intensos de seca).
• Problemas na falta de articulação e falta de
ações consistentes na governabilidade de recursos hídricos e na
sustentabilidade ambiental.
5.6 Consumo hídrico x consumo energético
Ao
passo que, segundo a Organização Mundial da Saúde (GRUPO ABRIL, 2010), a média
ideal de consumo de água por um humano em um dia seja de 50 litros de água, e,
segundo a Organização das Nações Unidas (GRUPO ABRIL, 2010), esta média seja de
180 litros per capita por dia, ainda assim o consumo humano de água ultrapassa
em muito estes parâmetros. Segundo a OMS (IBID), um canadense consume até 600
litros por dia, um norte-americano ou de um japonês a média de 350 litros, um
europeu a média de 200 litros, um brasileiro a de 187 e um africano da região
subsaariana até 20.
Cada
cidadão consome diariamente muito mais água do que percebe. A produção de
praticamente todos os produtos consumidores em uma residência brasileira
despende muita água. Consoante dados da OMS (IBID), para se produzir um quilo
de arroz despende-se cerca de 2.500 litros, para se produzir um quilo de
manteiga 18.000 litros, um litro de leite 712,5 litros, um quilo de queijo
5.280 litros, um quilo de batata 132,5 litros, um quilo de carne de boi 17.100
litros, um quilo de banana 499 litros, um quilo de carne de frango 3.700 litros
e um litro de cerveja 5,5 litros.
Conforme
previsão em um novo relatório publicado pela Agência Internacional de Energia –
AIE – (REVISTA EXAME apud INSTITUTO GEODIREITO (IGD), 2013), o consumo mundial
de energia vai crescer 56% até 2040. De acordo com o relatório, a maior parte
desse incremento virá de países de fora da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde o apetite energético é estimulado pelo rápido crescimento econômico,
como China, Índia, Brasil e África do Sul.
Já
o documento International Energy Outlook 2013 – IEO2013 – (REVISTA EXAME apud
IGD, 2013), explana que apesar das energias
renováveis e nuclear serem as fontes que mais crescem no mundo, com
expansão de 2,5% por ano, estima-se que os combustíveis fósseis continuarão a fornecer cerca de 80% da demanda mundial nos próximos trinta
anos. Incrementa que, nessa seara, o gás natural é o combustível fóssil que
mais cresce, a uma taxa de 1,7% ao ano, o que ajudará em muito o atendimento a
alta demanda energética mundial. Prevê que, pelo menos até 2030, o crescimento
do oferta do carvão será maior do que o de petróleo e outros combustíveis
líquidos, sobretudo devido ao aumento no consumo chinês. Afirma, por fim, que o
setor industrial continuará a representar a maior fatia do consumo de energia, recebendo metade
da energia total entregue em 2040.
Por
conta da má distribuição hídrica e energética bem como do excessivo consumo e
desperdício hídricos e energéticos por parte de parcelas significativas da
população mundial, a OMS (IBID) estima que 1,1 bilhão
de habitantes sequer têm acesso à água potável e a AIE (IBID) divulgou que mais
de 1,3 bilhões de habitantes não possuem acesso à eletricidade. Estes números
são, indubitavelmente, alarmantes e revelam claramente a necessidade de
aplicação de tecnologias sustentáveis no uso tanto da água quanto da energia.
5.7 Tecnologias sustentáveis para a questão hídrica
Em
sua obra ‘Ciência Ambiental’, MILLER JR (2012) aponta a irrigação como a maior
usuária de água do planeta, cerca de 70%, seguida das indústrias (20%) e das
cidades e residências (10%). Afirma também que hoje cerca de 60% da água de
irrigação do mundo é desperdiçada. Entretanto, ele explana sobre tecnologias de
irrigação aperfeiçoadas que podem reduzir essa proporção em 5% a 20%.
Na
verdade, existem várias maneiras de se aumentar as reservas de água doce em uma
área específica. “Podemos aumentar as reservas hídricas ao construir represas,
trazer água de outros lugares, retirar águas subterrâneas, transformar água
salgada em água doce, reduzir o desperdício e importar alimentos”, afirma
MILLER JR. (2012, p. 271), um dos mais renomados ambientalista do mundo.
Tecnologias
de irrigação tais como o irrigador de baixa pressão e pivô central, os
irrigadores de aplicação de precisão com baixo consumo de energia (LEPA), os
detectores de umidade do solo bem como a irrigação por gotejamento ou
microirrigação são, de fato, mais eficientes e consolidadas no aspecto
ambiental, podendo reduzir as exigências e o desperdício nas fazendas ao
fornecer água de forma mais precisa (MILLER JR, 2012).
Dentre
tais tecnologias aperfeiçoadas de irrigação, a mais eficiente é a
microirrigação, também conhecida como irrigação por gotejamento. Para se ter
uma idéia mais clara, enquanto no método de irrigação por alagamento fornece
mais água que o necessário e cerca de 40% da água é perdido por evaporação,
vazamento e escoamento, já na irrigação por gotejamento, 90% a 95% da água
atinge as culturas (MILLER JR., 2012). MILLER JR (2012, p. 279) ainda salienta
que “o sistema de tubulação flexível e leve pode ser adaptado para corresponder
aos padrões das culturas em um campo e pode ser fixo ou móvel”. Infelizmente, porém,
tal método ainda é utilizada em pouco mais de 1% das plantações irrigadas no
mundo.
5.8 Recursos hídricos e energia hidroelétrica
Não
se disserta sobre energia hidroelétrica sem explanar sobre os recursos
hídricos, visto que esses são a fonte daquela. Os reservatórios dos
empreendimentos hidroelétricos represam a água de rios a fim de utilizar sua
energia cinética para girar turbinas, acionando um gerador capaz de converter a
energia mecânica em energia elétrica.
Os
empreendimentos hidroelétricos funcionam sinteticamente do seguinte modo:
· A água
armazenada nos reservatórios é conduzida sob grande pressão por meio de canais
ou túneis até a casa de força, onde será gerada a energia;
· As casas de
força são compostas por turbinas hidráulicas e geradores elétricos. As turbinas
são formadas por pás montadas em torno de um eixo. A pressão da água gira as
pás provocando um movimento circular do eixo e acionando um gerador;
· O gerador,
localizado acima das turbinas, é composto por um eletroímã fixo e um fio
bobinado no rotor, que gira com o eixo;
· Ao girar entre
os pólos do eletroímã, os elétrons dentro do fio sofrem uma força devido ao
campo magnético e se deslocam dentro do fio bobinado, produzindo corrente
elétrica;
· Em suma, a
potência hidráulica (água sob pressão) é transformada em potência mecânica
(movimento das pás da turbina) e, depois, em potência elétrica (no gerador).
· Depois de
gerada, a energia é conduzida por meio de cabos ou barras condutoras dos
terminais do gerador até a subestação. Nela, transformadores elevam sua tensão
(voltagem). Isso é essencial para que a energia possa ser transportada a
grandes distâncias.
· Daí, a
eletricidade é conduzida pelas linhas de transmissão, que são sustentadas por
grandes torres, até a cidade e os locais onde será consumida.
· Depois de passar
pela casa de força, a água utilizada para movimentar as trubinas é devolvida ao
leito natural do rio mediante os canais de fuga.
5.9 Empreendimentos hidroelétricos no Brasil
Segundo o Banco de Informações de Geração (BIG), da Agência
Nacional de Energia Elétrica, o Brasil possui atualmente 417 centrais geradoras
hidroelétricas (CGHs), 458 pequenas centrais hidroelétricas (PCHs) e 190 usinas
hidroelétricas (UHEs), perfazendo um total de 1.065 empreendimentos
hidroelétricos; ao todo, há 2.846 empreendimentos geradores de eletricidade em
operação. O Brasil é o maior produtor de hidroeletricidade da América Latina –
com 600 barragens,
dentre as mais de 2.000 barragens já construídas –, seguido pela Argentina com
101 barragens, pelo Chile com 87 e pela Venezuela com 72 (SILVA, 2009).
O Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica (PDEE 2007/2016)
apresenta um conjunto de 90 empreendimentos hidroelétricos que totalizam uma
geração prevista de 36.834 MW. Para os próximos anos (até 2.030), conforme o
Plano Nacional de Energia (PNE 2030) há uma previsão de acrescentar mais
130.113 MW de energia elétrica ao
sistema brasileiro, com necessidade de investimentos na ordem de U$286 bilhões
(cerca de R$500 bilhões).
Um dos destinos da geração de energia elétrica em nosso país é
abastecer os grandes consumidores, principalmente a chamada indústria
eletrointensiva (indústria de celulose, alumínio, ferro, aço, entre outras) e
os grandes supermercados (shoppings). No Brasil, atualmente existem 665 grandes
consumidores de energia e sozinhos consomem aproximadamente 30% de toda energia
elétrica brasileira, além disso, recebem energia ao preço de custo real.
Neste contexto,
infere-se que a gestão da geração de energia hidroelétrica é complexa, haja
vista os impactos sociais, econômicos e ambientais provocados pela construção,
montagem e funcionamento dos empreendimentos hidroelétricos.
5.10 Políticas
públicas ambientais brasileiras
5.10.1 Política Nacional do Meio Ambiente
A
lei federal nº 6.938 (BRASIL, 1981), que dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente (PNMA), tem por finalidade a preservação, a melhoria e a
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Nesta lei, são identificados
doze instrumentos necessários à sua implementação, quais sejam:
I. O
estabelecimento de padrões e qualidade ambiental;
II. O zoneamento
ambiental;
III. A avaliação de
impactos ambientais;
IV. O licenciamento
de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras;
V. O incentivo à
produção e instalação de equipamentos e à criação ou absorção de tecnologias,
voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI. O
estabelecimento de espaços territoriais especialmente protegidos, como as
unidades de conservação, federais, estaduais, municipais e privadas;
VII. O sistema
nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII.
O
cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental;
IX. As penalidades
disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção de degradação ambiental;
X. A instituição do
relatório de qualidade do meio ambiente;
XI. A garantia da
prestação de informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se o Poder
Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII. O cadastro
técnico federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos
recursos ambientais.
5.10.2 Sistema Nacional de Unidades de Conservação
No intuito de promover o manejo
sustentável da biodiversidade no Brasil, o governo federal instituiu por meio
da Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC). Essa lei estabelece normas e critérios para criação,
implantação e gestão das unidades de conservação do território brasileiro. É
uma lei muito importante, pois ela é a primeira que visa a aplicação efetiva
dos conceitos de desenvolvimento sustentável e conservação biológica. O SNUC
tem seus principais objetivos listados nos incisos da própria lei, quais sejam:
I
- contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos
genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais
II
- proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
III
- contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas
naturais;
IV
- promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V
- promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no
processo de desenvolvimento;
VI
- proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
VII
- proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,
espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;
VIII
- proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX
- recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X
- proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,
estudos e monitoramento ambiental;
XI
- valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII
- favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a
recreação em contrato com a natureza e o turismo ecológico;
XIII
- proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações
tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e
promovendo-as social e economicamente.
A criação e manutenção dessas unidades é
um processo complexo e que envolve diversos órgãos governamentais como o
CONAMA, o IBAMA, Ministério do Meio Ambiente e diversos órgãos estaduais e
municipais. A lei difere as unidades de conservação em duas categorias
principais: as Unidades de Proteção Integral, que permitem apenas o uso
indireto dos recursos naturais (entende-se por uso indireto aquele que não
envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais) e Unidades
de Uso Sustentável, que permitem o uso direto dos recursos naturais (o uso
direto pode envolver coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais).
5.10.3 Política Nacional de Recursos Hídricos
Dezesseis
anos depois da publicação da PNMA, a lei federal nº 9.433 (BRASIL, 1997)
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH e criou o Sistema de
Gerenciamento de Recursos Hídricos. As finalidades da PNRH são: a) assegurar à
atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de
qualidade adequados aos respectivos usos; b) a utilização racional e integrada
dos recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável; e c) a
preservação e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural
ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
Na
PNRH são definidos cinco instrumentos de execução, a saber:
I. Os planos de
recursos hídricos;
II. O enquadramento
dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;
III. A outorga dos
direitos de uso de recursos hídricos;
IV. A cobrança pelo
uso de recursos hídricos;
V. O sistema de
informações sobre recursos hídricos.
Sobre
a integração entre estas duas grandes políticas públicas ambientais, BRAGA
(2009, p. 13) destaca:
Os instrumentos
identificados nas duas políticas são básicos para uma gestão ambiental sólida.
A própria Constituição Federal já prevê as duas políticas atuando de maneira
articulada. A lei das águas salienta, textualmente, a necessidade de integração
da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental e estabelece que a
Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos é exercida por
órgão integrante do Ministério do Meio Ambiente. Portanto, é possível e
necessário buscar integrar o exercício dessas duas leis a partir do
entendimento das suas complementaridades. (BRAGA, 2009, p. 13)
No
tocante aos instrumentos de execução, precisam estar articulados entre si no
intuito de tornar eficaz, eficiente e efetiva a gestão de recursos hídricos.
Todos eles constituem em importantes subsídios para as tomadas de decisão na
gestão ambiental, desde que efetivamente implementados.
Dentre
deste contexto, BRAGA explana caso a caso os cinco instrumentos de execução
previstos na PNRH, do seguinte modo:
a)
Planos
de recursos hídricos: o Plano Nacional de Recursos Hídricos foi aprovado pelo
Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH, 2006), trazendo diretrizes, metas
e programas para assegurar o uso racional da água no Brasil até 2020. Os planos
de recursos hídricos são considerados de médio e longo prazos, devendo conter,
no mínimo:
ü diagnóstico da
situação atual dos recursos hídricos;
ü análise de
alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e
de modificações dos padrões de ocupação do solo;
ü balanço entre
disponibilidade e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e
qualidade, com identificação de conflitos potenciais;
ü metas de
racionamento de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos
hídricos disponíveis;
ü medidas a serem
tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o
atendimento das metas previstas;
ü prioridades para
outorga de direitos de uso dos recursos hídricos;
ü diretrizes e
critérios para a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
ü propostas para
criação de áreas sujeitas a restrições de uso, com vistas à proteção dos
recursos hídricos.
Destacam-se
como planos diretores de recursos hídricos o Plano Nacional de Recursos
Hídricos, o Plano de Bacia Hidrográfica e o Plano de Microbacia Hidrográfica.
É
importante seguir, na fase de elaboração dos planos de recursos hídricos, as
fases de diagnóstico, prognóstico, compatibilização, formulação, consultas e
proposta organizacional de implantação. Explanando sobre este aspecto, BRAGA,
2009, p. 20, enfatiza: “Saliente-se a grande interface que o plano de recursos
hídricos apresenta com outorga, a cobrança, o licenciamento ambiental, o
zoneamento ambiental, o enquadramento dos corpos de água, e também com as
instâncias de decisão colegiada.”
b)
Enquadramento
dos corpos de água: os usos previstos são para abastecimento público,
irrigação, aqüicultura, dessedentação de animais, recreação, navegação,
harmonização paisagística e proteção às comunidades aquáticas. Porém, o enquadramento
dos corpos de água é também um instrumento de planejamento ambiental, pois
estabelece o padrão de qualidade (ou classe) a ser alcançado ou mantido em um
reservatório ou trecho de rio. Em função disso são estabelecidos limites de
captação de água ou de lançamento de resíduos (LANNA apud BRAGA, 2009, p. 81).
No
tocante às águas superficiais, a Resolução nº 20 do CONAMA (1986) estabeleceu
para o território brasileiro 9 classes de uso, com padrões de qualidade para
águas doces (5 classes), salobras (2 classes) e salinas (2 classes). Esta
classificação foi baseada na qualidade que os corpos de água deveriam possuir
para atender às necessidades da comunidade, quanto aos usos preponderantes
desejados, e não necessariamente em seu estado atual. Para cada classe de corpo
de água estabeleceram-se os níveis de turbidez, pH, Oxigênio Dissolvido – OD,
Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO, coliformes totais e fecais, materiais
flutuantes, óleos e graxas, substâncias que provoquem gosto ou odor, corantes
artificiais e outros, no total de 76 parâmetros.
Para
as águas subterrâneas, a Resolução do CONAMA nº 396 (CONAMA, 2008) estabeleceu
as diretrizes para o enquadramento. A classificação das águas do sub-solo, em
função de padrões de qualidade é definida em seis classes. Uma classe especial,
em aqüíferos que contribuem para unidades de conservação de proteção integral
ou para mananciais superficiais também de classe especial, e outras cinco
classes, obedecendo um gradiente de
maior para menor exigência nos requisitos de uso (BRAGA, 2009, p. 83).
De
acordo com a lei da PNRH, o enquadramento em questão visa assegurar às águas
qualidade compatível com os usos mais exigentes a que foram destinadas e
diminuir os custos de combate à poluição hídrica, mediante ações preventivas
permanentes. Assim, os efluentes não poderão conferir ao corpo receptor
características em desacordo com o seu enquadramento.
Os
usos pretendidos devem ser discutidos e apontados no Plano de Bacia, a ser
elaborado a partir de estudos técnicos aprofundados. Porém, terá que ser
aprovado pelo Conselho Nacional, quando em rios federais, ou pelo
correspondente Conselho Estadual de Recursos Hídricos, a partir de proposição
do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica.
Portanto,
o enquadramento, para gerar compromissos e resultados efetivos de manutenção ou
melhoria da qualidade ambiental, deve ser fruto de um processo amplo de
discussão e negociação entre o poder público, os usuários da água e a sociedade
civil organizada. Esta negociação deverá ocorrer inicialmente no âmbito dos
comitês de bacia e finalmente no Conselho de Recursos Hídricos.
c)
Outorga
de uso da água: é um instrumento da PNRH definida como ato administrativo de
autorização, por meio do qual o poder público outorgante faculta ao outorgado o
direito de uso do recurso hídrico por prazo determinado, nos termos e condições
expressas no respectivo ato.
A
outorga tem por objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos
usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à mesma. A Constituição
Federal atribui competência à União para definir os critérios de outorga dos
direitos de uso dos recursos hídricos. Tal competência é exercida pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos, para editar normas sobre os critérios gerais da
autorização de uso. Saliente-se, porém, que o Código das Águas (BRASIL, 1934)
já dispunha que as águas públicas não poderiam ser derivadas para uso sem a
existência de concessão (no caso de utilidade pública) ou de autorização
administrativa.
No
âmbito federal a outorga é dada pela Agência Nacional de Águas (ANA), e nos
Estados pelos órgãos responsáveis pela execução da política de recursos
hídricos. A outorga do direito de uso da água e o licenciamento ambiental
guardam grande aproximação, podendo os procedimentos de requerimento pelo
interessado e de emissão pelo poder público serem unificados, em benefício do
usuário (BRAGA, 2009, p. 68).
d)
Cobrança
pelo uso da água: este instrumento de execução da PNRH tem por objetivos
reconhecer a água como um bem econômico, incentivar a racionalização do seu uso
e obter recursos financeiros para o financiamento de ações previstas nos planos
de bacia.
O
princípio da cobrança, que a lei nº 9.433/1997 introduz para permitir o uso das
águas, já estava contido genericamente na lei nº 6.938/1981, ao dizer que a
PNMA deverá impor ao usuário uma contribuição pela utilização e recursos
ambientais com fins econômicos.
Deverão
pagar pelo uso da água os usuários das atividades de saneamento, indústria,
irrigação, dessedentação de animais e mineração. Ao mesmo tempo, deve-se
entender que a cobrança decorre do uso de um recurso de valor econômico, não
devendo ser considerada como imposto.
Saliente-se
que a cobrança está vinculada à outorga, portanto, nos casos em que esta não
for exigível, implicitamente não haverá exigibilidade da cobrança, como adverte
MACHADO (2002). Entretanto, a utilização dos recursos financeiros da cobrança
deve ser realizada de acordo com o PNRH, sendo razoável se entender que sem o
mesmo não deverá haver cobrança. Além disso, os recursos arrecadados deverão
ser aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que forem gerados,
particularmente no financiamento de estudos, programas, projetos e obras.
A
competência em estabelecer os critérios gerais para a cobrança é dos
respectivos Conselhos Nacional e Estaduais de Recursos Hídricos. O primeiro
comitê federal a propor o valor de cobrança pelo uso da água foi o da bacia do
Paraíba do Sul (CEIVAP, 2001), sendo a proposição posteriormente homologada
pelo CNRH (2002).
e)
Sistema
de informações sobre recursos hídricos: o Sistema Nacional de Informações sobre
Recursos Hídricos (SNIRH) é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e
recuperação de informações sobre os recursos hídricos e os fatores
intervenientes em sua gestão. São inerentes a este sistema a descentralização
na obtenção e produção de dados e informações, a coordenação unificada e o
acesso aos dados e informações garantidos à toda sociedade.
O
SNIRH tem por objetivos reunir, dar consistência e divulgar os dados e
informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos
no Brasil, atualizar permanentemente as informações disponíveis sobre
disponibilidade e demanda hídrica e fornecer subsídios para a elaboração dos
Planos de Recursos Hídricos – PRH. Seguindo esta lógica, na legislação estadual
os sistemas locais devem dar cobertura aos respectivos territórios e
estabelecer interfaces com o sistema nacional.
A
tomada de decisão é, em última análise, o objetivo final do sistema de
informações. Tais decisões devem ser moldadas pelo pleno conhecimento das
informações técnicas existentes e pela avaliação política dos segmentos
governamentais e não-governamentais envolvidos.
Um
sistema que dê suporte às decisões – por parlamentares, executivos, juízes ou
membros de conselhos e comitês – deve ser capaz de gerar, armazenar e
disponibilizar dados, em quantidade, qualidade e no tempo adequado às
necessidades. Este tem como importante base o Sistema de Informação Geográfica
(SIG), que trabalha fundamentalmente com banco de dados e modelos preditivos,
apresentando os resultados em mapas.
Embora
a facilidade gerada pela internet, com mecanismos cada vez mais ágeis e de uso
simplificado, possibilite o acesso do usuário a múltiplos sítios especializados
na temática, ainda falta muito para se ter no Brasil sistemas estruturados e
funcionais de informação sobre meio ambiente e sobre recursos hídricos. Mais
distante ainda está a estruturação de um sistema único, que articule e
disponibilize de forma integrada essas informações.
5.10.4 Encargos do setor
elétrico e compensação pelo uso dos recursos hídricos
Com o intuito
de fornecer uma visão geral do intrincado fluxo financeiro do setor, são
discriminados na seqüência os principais encargos assumidos pelos agentes de
geração de energia elétrica:
· Contribuição para a Reserva Global de Reversão - RGR;
·
Compensação Financeira pela Utiliza o de Recursos
Hídricos (CFURH);
·
Pagamento pela utilização de recursos hídricos;
·
Rateio da Conta de Consumo de
Combustíveis – CCC;
·
Contribuição à Conta de Desenvolvimento Energético
– CDE;
·
Contribuição ao Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA e;
·
Taxa de Fiscalização dos Serviços de Energia
Elétrica
A Lei nº.
5.655, de 20 de maio de 1971, a qual dispõe sobre a remuneração legal do
investimento dos concessionários de serviços públicos de energia elétrica, cria
a Reserva Global de Reversão – RGR, com a finalidade de prover recursos para os
casos de reversão e encampação de serviços de energia elétrica. A quota de
reversão de 3% (três por cento) é calculada sobre o valor do investimento e
computada como componente do curso do serviço, sendo o fundo criado
administrado pelas Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – ELETROBRÁS.
A RGR deve
ser utilizada inclusive para a concessão de financiamento, mediante projetos
específicos de investimento para instalações de produção a partir de fontes
alternativas (inclusive pequenas centrais hidrelétricas), além de estudos e
pesquisas de planejamento da expansão do sistema energético, como os de
inventário e viabilidade de aproveitamento de potenciais hidráulicos, seja
mediante projetos específicos de investimento, seja por intermédio do Ministério
de Minas e Energia (ao qual se destinam 3% da RGR). A Lei n.º 8.631, de 4 de
março de 1993, dispõe sobre a fixação dos níveis das tarifas para o serviço
público de energia elétrica, extinguindo o regime de remuneração garantida e
fornecendo nova redação a alguns artigos da Lei n.º 5.655/1971 no que tange à
RGR. A Compensa o Financeira pela Utiliza o de Recursos Hídricos (CFURH),
de que trata a Lei n.º 7.990, de 28 de dezembro de 1989, o valor que agentes de
gera o pagam pela utilização dos recursos hídricos para explora o de potencial
hidráulico para produção de energia elétrica, correspondendo a 6,75% do valor
da energia elétrica produzida, calculado utilizando uma taxa de referência.
Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCH estão dispensadas deste pagamento.
Os recursos
correspondentes ao percentual de 6% destinados aos municípios atingidos pelas
barragens e aos Estados onde se localizam as represas, na propor o de 45%, para
cada um; cabendo a Unidos 10% restantes, o qual dividido entre o Ministério do
Meio Ambiente (3%); o Ministério de Minas e Energia (3%) e para o Fundo
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (4%), administrado pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia. Os recursos correspondentes aos 0,75%
constituem pagamento pelo uso de recursos hídricos e as receitas da ANA
para aplica o na implementa o do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos.
A Lei n.º
10.438, de 26 de abril de 2002 criou a Conta de Desenvolvimento Energético –
CDE, visando o desenvolvimento energético dos Estados e a competitividade da
energia produzida a partir de fontes eólica, pequenas centrais hidrelétricas,
biomassa, gás natural e carvão mineral nacional, nas áreas atendidas pelos
sistemas interligados, promover a universalização do serviço de energia
elétrica em todo o território nacional e garantir recursos para atendimento à subvenção
econômica destinada à modicidade da tarifa de fornecimento de energia elétrica
aos consumidores finais integrantes da Subclasse Residencial Baixa Renda. Os
recursos da conta de Desenvolvimento Energético – CE – são provenientes dos
pagamentos anuais realizados.
A título de
uso de bem público, das multas aplicadas pela ANEEL a concessionários,
permissionários e, a partir de 2003, das quotas pagas por todos os agentes que
comercializem energia com consumidor final, mediante encargo tarifário,
incluído nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão ou de distribuição. A
CDE deve ter a duração de 25 (vinte e cinco) anos, devendo ser regulamentada
pelo Poder Executivo e movimentada pela Eletrobrás. Por fim, a Lei nº.
9.427/1996, que instituiu a ANEEL, também definiu que sua principal fonte de
financiamento viria da cobrança de “Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia
Elétrica”, equivalente a cinco décimos por cento do valor do benefício
econômico anual auferido pelas empresas, que é recolhida diretamente à ANEEL,
em duodécimos, e diferenciada em função da modalidade e proporcional ao porte
do serviço concedido, permitido ou autorizado.
6
OBJETIVOS
6.1 Gerais:
·
Verificar
as publicações e produções científicas sobre os empreendimentos hidroelétricos
e seus impactos socioambientais, em bancos de dados e publicações acadêmicas
brasileiras, contribuindo com a produção bibliográfica nessa área;
·
Propor
um Sistema de Gestão Ambiental modelo para a operação dos empreendimentos
hidroelétricos;
· Subsidiar a
elaboração, a implantação e a execução de políticas públicas e privadas
voltadas para práticas sustentáveis na operação de empreendimentos
hidroelétricos.
6.2 Específicos:
1.
Apresentar
e avaliar as políticas socioambientais da Usina Hidroelétrica Monjolinho de São
Carlos, SP;
2.
Identificar
e avaliar os impactos socioambientais gerados local e regionalmente pela
operação da Usina Hidroelétrica Monjolinho de São Carlos, SP;
3.
Elaborar
um Sistema de Gestão Ambiental sustentável para a Usina Hidroelétrica
Monjolinho de São Carlos, SP.
7
METODOLOGIA DA
PESQUISA
7.1
Caracterização
da pesquisa
A
pesquisa do presente anteprojeto caracteriza-se como um estudo de caso observacional
aplicado, do tipo bibliográfico e documental (GIL, 2010). Utiliza a abordagem
metodológica empírico-analítica, cujos princípios são positivistas, isto é,
visam à busca da explicação dos fenômenos através das relações dos mesmos e a
exaltação da observação dos fatos (GIL, 2010). As técnicas de amostragem, os
tratamentos estatísticos e os estudos experimentais severamente controlados são
instrumentos usados neste tipo de abordagem.
Contextualizando
de acordo com a literatura epistemológica, os estudos de casos podem se
dividir, consoante Triviños, 1987, p. 135, em:
a)
Históricos
organizacionais: quando se trata de uma instituição que se deseja examinar;
b) Observacionais:
ligados à pesquisa qualitativa e participante, utilizando em alta escala a
observação;
c) Histórias
de vida: técnica de pesquisa realizada pela avaliação de dados coletados em
documentos e depoimentos orais registrados pelo pesquisador ou pelo próprio
entrevistado.
7.2
Métodos de
pesquisa utilizados:
a)
Pesquisa
bibliográfica:
A
metodologia bibliográfica oferece meios que auxiliam na definição e resolução
dos problemas já conhecidos, como também permite explorar novas áreas onde os
mesmos ainda não se cristalizaram suficientemente. Permite também que um tema
seja analisado sob novo enfoque ou abordagem, produzindo novas conclusões. Além
disso, permite a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla, mormente
em se tratando de pesquisa cujo problema requeira a coleta de dados muito
dispersos no espaço. SEVERINO, 2007, p. 122, destaca:
“A pesquisa
bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível,
decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros,
artigos, teses, etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados
por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes
dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das
contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos.”
(SEVERINO, 2007, p. 122)
Realmente, toda
pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que possa
ser considerado como pesquisa bibliográfica. Prova disso é que nas dissertações
e teses da atualidade, em sua maioria, há um capítulo especial dedicado à
revisão bibliográfica cuja finalidade principal é fundamentar o trabalho
acadêmico teórica e consistentemente, identificando, não raro, o estágio atual
do conhecimento referente ao tema. GIL, 2010, p. 29, explana sobre tal tipo de
pesquisa com os seguintes dizeres:
“A pesquisa
bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente,
esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas,
jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em
virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas
passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs,
bem como o material disponibilizado pela internet.” (GIL, 2010, p. 29)
Ressaltando a
relevância de tal tipo de pesquisa, Gil (2010) destaca que ela permite ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar diretamente, em especial quando o problema de
pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Entretanto, não se esquece
de salientar que, como fontes secundárias, as bibliografias podem apresentar
dados coletados ou processados de forma equivocada, tornando possível a
reprodução e/ou ampliação desses erros em trabalhos nelas fundamentadas. Por
essa razão, Gil, 2010, p. 30, fornece sugestões úteis para reduzir tal
possibilidade, dizendo:
“Para
reduzir essa possibilidade, convém aos pesquisadores assegurarem-se das
condições em que os dados foram obtidos, analisar em profundidade cada
informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições e utilizar
fontes diversas, cotejando-as cuidadosamente.” (GIL, 2010, p. 30)
De acordo com
Gil (2010), não existem regras fixas para a realização de pesquisas
bibliográficas, mas algumas tarefas que a experiência demonstra serem
importantes. Dessa forma, seguiu-se o seguinte roteiro de trabalho:
a)
Exploração
das fontes bibliográficas: livros, revistas científicas, teses, relatórios de
pesquisa entre outros, que contêm não só informação sobre determinados temas,
mas indicações de outras fontes de pesquisa;
b)
Leitura
do material: conduzida de forma seletiva, retendo as partes essenciais para o
desenvolvimento do estudo, e analítica, avaliando a qualidade das informações
coletadas;
c)
Elaboração
de fichas: foram elaborados fichas de citações, de resumo e bibliográficas,
contendo as partes mais relevantes dos materiais consultados;
d)
Ordenação
e análise das fichas: organizadas e ordenadas de acordo com o seu conteúdo,
conferindo sua confiabilidade;
e)
Conclusões:
obtidas a partir da análise qualitativa e quantitativa dos dados.
Neste
projeto, tal método será utilizado no intuito de levantar dados a partir
livros, revistas científicas, teses, relatórios de pesquisa, entre outros
projetos relacionados à gestão dos recursos hídricos, mormente no processo de
geração de energia hidroelétrica, disponíveis em bibliografias impressas e/ou
digitalizadas de organizações governamentais e não governamentais atuantes na
área no Brasil e no mundo bem como em documentos oficiais brasileiros e
internacionais sobre a temática em questão.
b)
Pesquisa
de campo:
A
pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como
ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à
análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica
consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. Sobre
tal metodologia de pesquisa, SEVERINO, 2007, p. 123, enfatiza:
“Na pesquisa de
campo, objeto/fonte é abordado em seu meio ambiente próprio. A coleta dos dados
é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente
observados, sem intervenção e manuseio por parte do pesquisador. Abrange desde
os levantamentos (surveys), que são mais descritivos, até estudos mais
analíticos.” (SEVERINO, 2007, p. 123).
Pretende-se
utilizar tal método, no decorrer da execução do presente projeto de pesquisa, a
fim de coletar dados diretamente da UHE Monjolinho, localizada no município de
São Carlos, no Estado de São Paulo. Programa-se realizar esta etapa no ano de
2014, após o levantamento bibliográfico completo bem como análise dos dados
bibliográficos coletados.
c)
Estudo
de caso;
O
Estudo de Caso evidencia-se como um tipo de pesquisa que tem sempre um forte
cunho descritivo (RODRIGO, 2008). SEVERINO, 2007, p. 121, conceitua o estudo de
caso como:
“Pesquisa que se concentra no
estudo de um caso particular, considerado representativo de um conjunto de
casos análogos, por ele significativamente representativo. A coleta dos dados e
sua análise se dão da mesma forma que nas pesquisas de campo, em geral.”
Sobre
o papel do pesquisador nesse contexto, RODRIGO, 2008, p. 3, salienta:
“O pesquisador não pretende
intervir sobre a situação, mas dá-la a conhecer tal como ela lhe surge. Pode
utilizar vários instrumentos e estratégias. Entretanto, um estudo de caso não
precisa ser meramente descritivo.Pode ter um profundo alcance analítico, pode
interrogar a situação. Pode confrontar a situação com outras já conhecidas e
com as teorias existentes. Pode ajudar a gerar novas teorias e novas questões
para futura investigação. As características ou princípios associados ao estudo
de caso se superpõem às características gerais da pesquisa qualitativa.”
(RODRIGO, 2008, p. 3)
Vale
ressaltar que o caso selecionado para a pesquisa precisa ser significativo e
bem representativo, de modo a ser apto a fundamentar uma generalização para
situações análogas, autorizando inferências. Deve-se seguir os procedimentos da
pesquisa de campo na etapa de coleta e registro dos dados, os quais devem ser
trabalhados, por meio de análise rigorosa, e apresentados em relatórios
qualificados (SEVERINO, 2007).
VILABOL
apud RODRIGO, 2008, p. 3, explana o estudo de caso, exemplificando-o:
“É uma categoria de pesquisa cujo
objeto é uma unidade que se analisa profundamente. Pode ser caracterizado como
um estudo de uma entidade bem definida, como um programa, uma instituição, um
sistema educativo, uma pessoa ou uma unidade social. Visa conhecer o seu “como”
e os seus “porquês”, evidenciando a sua unidade e identidade própria. É uma
investigação que se assume como particularística, debruçando-se sobre uma
situação específica, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e
característico.” (VILABOL apud RODRIGO, 2008, p. 3)
Aplicará
durante a execução do presente projeto, esse método no intuito de descrever e
analisar o funcionamento da usina hidroelétrica Monjolinho de São Carlos,
identificando seus impactos no município e região.
d)
Documental:
Embora a pesquisa bibliográfica e a
documental sejam bastante semelhantes, por ambas se respaldarem em materiais
elaborados e já publicados, Gil (2010) aponta que a principal diferença entre
elas encontra-se na natureza das fontes. Sobre a identificação das mesmas, Gil,
2010, p. 31, elucida:
“O que
geralmente se recomenda é que seja considerada fonte documental quando o
material consultado é interno à organização, e fonte bibliográfica quando for
obtido em bibliotecas ou bases de dados.” (GIL, 2010, p. 31)
Para Marconi e Lakatos (2007), a
pesquisa documental consiste na análise de fontes primárias, isto é, elaboradas
pelo próprio autor, enquanto a pesquisa bibliográfica consiste na análise de
fontes secundárias, isto é, transcritas de fontes primárias contemporâneas ou
retrospectivas. Nas palavras das autoras, 2007, p. 62:
“A
característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está
restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de
fontes primárias. Estas podem ser recolhidas no momento em que o fato ou
fenômeno ocorre, ou depois.” (MARCONI & LAKATOS, 2007, p. 63)
Para o presente anteprojeto, buscará
embasamentos, para a execução da pesquisa, em documentos internos da Usina Hidroelétrica
Monjolinho de São Carlos (SP), no intuito de apresentar e avaliar as políticas socioambientais
adotadas. A escolha desse método, para o caso específico da referida usina,
deve-se ao fato de o problema bem como os objetivos de pesquisa exigir fontes
primárias e contemporâneas a fim de garantir a autenticidade e fidedignidade
das informações apresentadas.
7.3
Procedimentos
técnicos de pesquisa
Em
seu livro “Metodologia do Trabalho Científico”, página 124, SEVERINO, 2007,
descreve as técnicas de pesquisas científicas como sendo os procedimentos
operacionais que servem de mediação prática para a realização das mesmas.
Ressalta que elas podem ser utilizadas em pesquisas conduzidas por meio de
diferentes metodologias e fundadas em diferentes epistemologias, desde que, é
claro, compatíveis com os métodos adotados e com os paradigmas epistemológicos
adotados. (SEVERINO, 2007, p. 124)
Para Marconi & Lakatos, 2007, p. 62,
“técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou
arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática”. De
fato, o processo da construção científica exige e utiliza inúmeros
procedimentos técnicos na obtenção de seus propósitos.
Nesta perspectiva, serão utilizados para
a execução do presente projeto de pesquisa, os seguintes procedimentos
técnicos:
a)
Documentação:
“É toda forma de registro e
sistematização de dados, informações, colocando-os em condições e análise por
parte do pesquisador. Pode ser tomada em três sentidos fundamentais: como
técnica de coleta, de organização e conservação de documentos; como ciência que
elabora critérios para a coleta, organização, sistematização, conservação,
difusão dos documentos; no contexto da realização de uma pesquisa, é a técnica
de identificação, levantamento, exploração de documentos fontes do objeto
pesquisado e registro das informações retiradas nessas fontes e que serão
utilizadas no desenvolvimento do trabalho.” (SEVERINO, 2007, p. 124)
Nesse
projeto, a documentação é utilizada como a principal ferramenta para
embasamento teórico das pesquisas realizadas.
b)
Questionário:
“Conjunto de
questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações
escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião
dos mesmos sobre os assuntos em estudo. As questões devem ser pertinentes ao
objeto e claramente formuladas, de modo a serem bem compreendidas pelos
sujeitos. As questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas
igualmente objetivas, evitando provocar dúvidas, ambigüidades e respostas
lacônicas. Podem ser questões fechadas ou questões abertas. No primeiro caso,
as respostas serão escolhidas dentre as opções predefinidas pelo pesquisador;
no segundo, o sujeito pode elaborar as respostas, com suas próprias palavras, a
partir de sua elaboração pessoal. De modo geral, o questionário deve ser
previamente testado (pré-teste), mediante sua aplicação a um grupo pequeno,
antes de sua aplicação ao conjunto dos sujeitos a que se destina, o que permite
ao pesquisador avaliar e, se for o caso, revisá-lo e ajustá-lo.” (SEVERINO,
2007, p. 126)
Utilizará
tal técnica de pesquisa nesse projeto a fim de traçar o perfil das populações
atingidas pela construção, pela montagem e pela operação da usina hidroelétrica
Monjolinho de São Carlos, SP. Tal perfil servirá para subsidiar a elaboração, a
execução e a implementação de políticas públicas inclusivas para tal parcela da
população.
7.4
Limitações de
estudo
Por
demandar aprovação do comitê de ética para aplicação do questionário junto às
famílias que se deslocaram para dar lugar à Usina Hidroelétrica Monjolinho de
São Carlos, SP, existe a possibilidade de tal anteprojeto necessitar de
reelaboração caso tal aprovação não seja deferida.
Por
se tratar de um estudo de caso observacional, do tipo bibliográfico e
documental, tal pesquisa foca-se essencialmente em informações já publicadas
por especialistas da área, não realizando experimento algum dentro ou fora da
referida usina para corroborar os dados coletados.
8
CRONOGRAMA DE
EXECUÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA
Etapas
|
2º sem/13
|
1º sem/14
|
2º sem/14
|
1º sem/15
|
Cursar as
disciplinas
|
x
|
x
|
|
|
Reuniões de
Orientação
|
x
|
x
|
x
|
x
|
Seminários
de pesquisa
|
|
x
|
|
x
|
Disseminação
Científica
|
|
|
x
|
x
|
Relatório
Parcial
|
|
x
|
|
x
|
Pesquisa em
Arquivo
|
|
|
|
x
|
Redação da
Dissertação
|
|
|
x
|
x
|
Particip.
de eventos da área
|
x
|
x
|
x
|
x
|
Revisões do
Projeto
|
|
|
x
|
x
|
Exame de
Qualificação
|
|
|
x
|
|
Defesa da
Dissertação
|
|
|
|
x
|
Resultados
Finais
|
|
|
|
x
|
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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